domingo, dezembro 10, 2006

Ir

Hoje acordei com uma saudade imensa do resto do mundo.
Saudade do desconhecido, e saudade do entusiasmo em ir e da pena no voltar.
Já há muito que fico pelo familiarismo de cá.
Apetece-me encandear-me com as luzes de Nova Iorque, navegar nas gôndolas de Veneza, ou ir por aí nos destinos dos carris.
Saborear algo interessante, ter uma aventura rocambolesca, tirar mil e uma fotografias...
Gostava de ir... em breve...

segunda-feira, dezembro 04, 2006

That's exactly what he told her... at least, that's what she told me (Oldie)


"O tempo não passa por mim: é de mim que ele parte...
Indeterminavelmente certo
Não me terá cabido o inventário de um mundo descoberto, mas o roteiro de um mundo a descobrir; não o relato do que se encontrou, mas o da viagem para se encontrar
Não são perguntas, são interrogações.... E interrogações.... não têm resposta."

domingo, outubro 08, 2006

Quero

Quero saber tudo.
Quero saber o que devo e o que não devo saber.
Quero saber o que sabe bem e o que sabe mal, sentir ambos na boca e ser capaz de digerir a sua consequência. Quer escorregue bem pela garganta, e traga uma alegria parva, ou dê voltas no estômago, quero saber.
E quero porque acredito que a sensatez e o bom senso derivam da consideração e ponderação de tudo quanto sabemos.
... Quando já for velhinha e souber alguma coisa, quero saber sorrir perante a inocência dos mais novos.

quinta-feira, outubro 05, 2006

O Grito



Inspirava profundamente, até ao máximo de ar que os seus pulmões conseguiam conter e, de repente… Gritou.

Soou o grito! … O Grito da revolta!
Bateu em todos como quem se atira de uma ponte para um rio em mil metros de queda livre. Ecoou dentro das suas cabeças até que quando já estava nos mais baixos decibéis, eles o agarraram.
A princípio não perceberam muito bem de que era feito e ficaram com ele apenas porque acharam melhor do que soltá-lo. Uma vez perdido, jamais poderia ser encontrado. E embora não lhe pudessem tocar, sentiam-no como se fosse deles.
O grito veio na sua língua e parecia a resposta a algo. Ele disse:
"Mas eu tenho pressa em tudo o que posso viver! E quem me diz para ter calma e paciência… é porque não me sente!"

O mundo dos fantoches está aí e, cada um é, aos olhos dos outros, o que se quer fazer parecer.
Será o polígrafo a última arma contra a ficção?

domingo, outubro 01, 2006

"Gravity is working against me... Gravity wants to bring me down." - John Mayer

Comeu o Sol.
Era quente como prometia...
Em seguida tocou em Dó, porque Lá, lá longe... se avistava o fim.
Enquanto as cordas do baixo vibravam, construiu.
Começou por pequenos episódios, para imaginar a ante-estreia do filme, e ambientar-se à ideia.
E foi com tijolo atrás de tijolo que se ergueu o presente.
No passado, ficou a areia que era por vezes seca e escorregadia, e outras, húmida e consistente.
A areia que nunca produziu cimento e ficou na praia de uma fotografia da memória.
Mudou de instrumento.
Toca de outra maneira.
A música ficou.

terça-feira, setembro 05, 2006

A Roçar a Perfeição


Porch


State Of Love And Trust



"Vo...cês... sáum... du... cár...alhe..."

Eddie Vedder - 4/9/06 Pav. Atlântico



Soundcheck: Pilate, Undone, Low Light, Rival, Last Kiss

Main Set: Wasted Reprise, Life Wasted, Animal, Corduroy, Severed Hand, World Wide Suicide, Even Flow, I Am Mine, God's Dice, Given To Fly, Do The Evolution, Wish List, Lukin, Not For You/Modern Girl, Comatose, Small Town, Jeremy, Why Go

Encore 1: Last Kiss, Inside Job, Black, Crazy Mary, Alive

Encore 2: Big Wave, Better Man, Leash, Baba O'Riley, Yellow Ledbetter

A perfeição teria sido atingida se também tivessem tocado:

E peço, desde já, perdão por algum esquecimento imperdoável.

quinta-feira, agosto 31, 2006

O Que Fica


Só Eu Sei Ver o Sol Nascer - Toranja



"Vê que o tempo não parou

Vê que o tempo não parou
Vê o rasto que deixou
Vê o rasto que deixou
Por trás de ti, no meio de nós
Vê o sangue que ficou"

Sangue Que Ficou - Toranja



Contos

"Não posso ser só eu a dar sentido à razão
Vais ter que vir tu arrancar-me a escuridão
É que ás vezes quem vence fica sempre a perder
Vamos deixar de usar armas no que queremos ser
Mas tens que escrever quem vês em mim
Vais ter que contar quanto dás por nós, sem mais contos de embalar
Não podes ser só tu a dar sentido ao buraco
Se não te queres lembrar do que sentiste no fundo
Agora tens que vir tu saciar-me os segredos
Porque é fácil demais o que me queres vender.
Mas tens que escrever quem vês em mim
Vais ter que contar quanto dás por nós, sem mais contos de embalar
Mas tens que escrever quem vês em mim
Vais ter que contar quanto dás por nós
Vais ter que despir o que tenho a mais
Por ver sempre tudo a desconstruir
Por cima da raíz que nunca sai
Que volta a crescer por não parar
Que volta a crescer por ser maior
Voltou a crescer sem avisar!

Sem mais contos de embalar. "


- Toranja -

"Tenho fome de mais!"

sábado, agosto 19, 2006

Depois de uma valente gargalhada...

"Gosto quando te ris. É a minha coisa preferida." disse-me ele.

Click

Por detrás do sol, daquela porta e até dessa palavra não viste o que estava.
Será que o que vi iluminar-se antes, vislumbrei sob a luz de um relâmpago?
São 13h de alegria e um minuto de embate frontal. Um minuto que se junta a mais 1h de tristeza.
A ingenuidade e boa vontade tapa-nos o discernimento para o "tudo o que é demais, cansa", e continuamos a adicionar e a cansar-nos.
Imagens feias ganham vida e são proclamadas com toda a sinceridade do momento. Depois de completamente elaboradas, ficam cá fora... meio parvas.... sem saber para onde ir, tal como alguém que está perdido.
Uma respiração controlada dá as mãos a um sorriso menos verdadeiro. A mentira por detrás disso nem tu a sabes.
Palavras são só palavras... serão? Muitas vezes são-no. Outras, são toda a verdade que alguma vez poderás conhecer. Mesmo que sejam mentira.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Moldes Corporais

Estava deitada na rede... estava com ele.
Esteve um dia quente e aquela noite de um Agosto que desejamos sempre.
Descobrimos que os tornozelos apoiados nos ombros e os pés atrás da cabeça do outro resultam num ajuste razoável como apoio de cabeça.
Os dedos das mãos que se entrelaçam, os dos pés por brincadeira, o "abraço de sempre", sentar frente-a-frente e abraçar com as pernas, deitada com apenas uma perna e um braço sobre o corpo dele e a minha cabeça entre o seu ombro e peito.
Podia ficar aqui a lembrar-me de mil e uma formas de como dois corpos se podem unir. A facilidade com que dois corpos se moldam um ao outro é formidável quando a necessidade é o próximo. Isto, excluindo a referência às uniões extracorporais. Mas essas são mais complicadas, pessoais, difíceis e exclusivas. Não têm um molde. Cada um sente-a de forma diferente, vive e expressa-a de forma diferente e raramente é igual aquilo que nos puxa nas diferentes paixões.
São essas uniões transcendentes ao corpo que podemos sempre levar connosco. São as que trazem saudade da união física. Pelo menos até que as larguemos ou nos deixem por si mesmas com talvez um empurrãozinho dos ponteiros do relógio.
Melhor que estas noites quentes de lua cheia é poder sentir o corpo do cérebro que nos seduz.

domingo, agosto 06, 2006

Alquimia

Alquimia é uma tradição antiga que combina elementos de química, física, astrologia, arte, metalurgia, medicina, misticismo, e religião. Existem três objectivos principais na sua prática. Um deles é a transmutação dos metais inferiores em ouro, o outro a obtenção do Elixir da Longa Vida, uma panaceia universal, um remédio que curaria todas as doenças e daria vida eterna àqueles que o ingerissem. Ambos estes objectivos poderiam ser atingidos ao obter a pedra filosofal, uma substância mítica que amplifica os poderes de um alquimista. Finalmente, o terceiro objectivo era criar vida humana artificial, o [homunculus].
Alguns estudiosos da alquimia admitem que o Elixir da Longa Vida e a pedra filosofal são temas simbólicos, que provêm de práticas de purificação espiritual, e dessa forma, não poderiam ser considerados substâncias reais.
Há pesquisadores que identificam o Elixir da Longa Vida como um líquido produzido pelo próprio corpo humano, que teria a propriedade de prolongar indefinidamente a vida daqueles que conseguissem realizar a chamada "Grande Obra", tornando-se assim verdadeiros alquimistas.
No entanto, muito do trabalho alquímico relacionado com os metais era apenas uma metáfora para um trabalho espiritual. Torna-se mais clara a razão para ocultar toda e qualquer conotação espiritual deste trabalho, na forma de manipulação de "metais", se nos lembrarmos que na
Idade Média qualquer um poderia ser acusado de heresia, satanismo e outras coisas, acabando por ser perseguido pela Inquisição da Igreja Católica.
Como
ciência oculta, a alquimia reveste-se de um aspecto desconhecido, oculto, místico e mítico. Muitos dos textos alquímicos, rebuscados e contraditórios, devem ser entendidos sob esta perspectiva, mais interessados em esconder do que em revelar.
A própria transmutação dos metais é um exemplo deste aspecto místico da alquimia. Para o alquimista, o universo todo tendia a um estado de perfeição. Como, tradicionalmente, o ouro era considerado o metal mais nobre, ele representava esta perfeição. Assim, a transmutação dos metais inferiores em ouro representa o desejo do alquimista de auxiliar a natureza na sua obra, levando-a a um estado de maior perfeição.
Portanto, a alquimia é uma arte
filosófica, que procura ver o universo de uma outra forma, encontrando nele o seu aspecto espiritual e superior.
A alquimia baseia-se na "Troca Equivalente" - para se criar algo é preciso dar algo de igual valor. O mesmo princípio é usado hoje em dia: "Na natureza nada se cria nada se destrói, tudo se transforma."

[http://wikipedia.org/]


“Quem nada conhece, nada ama.
Quem nada pode fazer, nada compreende.
Quem nada compreende, nada vale.
Mas, quem compreende, também ama, observa, vê...
Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, tanto maior o amor...
Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas...”

Paracelsus


E assim disse Paracelsus, o alquimista.

segunda-feira, julho 10, 2006

Folha de Papel

Folha de papel... branca. Para escrever, apagar, amarrotar, dobrar, rasgar, voar, molhar e desfazer, queimar. E não necessita de combustível, basta passar uma chama por ela.
Mas por mais frágil que possa parecer, também ela corta.
Branca. Cor neutra. Aliás, nem representa nenhuma cor. Não é uma cor. É todas.
Para ler a sua frente e quem sabe também o seu verso. O verso pode ser o inverso. O dentro de um livro ou uma página solta.
Uma palavra dúbia e um desenho simples.

Sempre disse que se fosse um objecto, era uma folha de papel...

segunda-feira, julho 03, 2006

Alc. 20% vol.

O calor, a diminuição nas roupas, uma bebida para refrescar ou aquecer, um humor mais leve, espetar a cabeça pela janela do carro e fechar os olhos com o vento a bater na cara, dançar nas curvas em cima de duas rodas. Os dias intermináveis...
O rir... o sorrir. O planear... o improvisar - as histórias do Verão que ficam para sempre.
As aventuras que nascem, crescem e culminam entre pessoas que, muitas vezes, acabam de se conhecer. Há tanta gente para conhecer... Há tanto para ver.
O mundo parece por vezes pequeno perante as coisas que já conhecemos, mas pode ser tão grande se nos entregarmos numa jornada de descobrimentos.
Oiço um saxofone ao pôr-do-sol, uma guitarra pela noite dentro e um djambé ao amanhecer, em consonância com um grito de Alvorada!
O desbravar de mais uma noite até que o sol raie.

segunda-feira, junho 26, 2006

A Ilha

Domador da vela e do vento. Olhar fixo, com um djambé nas mãos e uma guitarra nos sentidos.
Depois de um longo dia de verão, oferece conversa à janela com um robe branco e um copo de leite.
À noite, a areia é a única que percebe o que ele expressa gestualmente.
E de madrugada, bem... de madrugada, dá-se por completo, de corpo e de alma...
Mas acaba por caminhar sozinho na volta para casa.
Porque o corpo mentiu todo o dia e a alma apenas se mostrou pela fresta de uma fechadura.


...E quem perceber, ponha o dedo no ar!

sábado, junho 24, 2006

Nos momentos em que não faço nada...

O que significa "para sempre"?
O que é o Sempre? O que é o Nunca? ...
O que é o Tudo? O que é o Nada? ...





Para uma mente prática todos os conceitos abstractos são difícieis de assimilar, de compreender ou de navegar na sua essência...
Quem já fechou os olhos e tentou, através de uma concentração profunda, sentir o que seria "não sentir"? O que acontece quando morremos...? Como será "não existir"?

Tudo isto quando sinto que sou ridícula com os meus so-called "problemas", debaixo de um céu infinitamente estrelado.

quarta-feira, junho 21, 2006

"O mais histericamente histérico de mim" F.P.

Onde está a linha que separa a sanidade da insanidade mental?
Onde quer que esteja, é certamente ténue e gosta de submergir num nevoeiro qualquer para que nos interroguemos acerca de quem está do lado de lá mas, principalmente, quem está do lado de cá.
Existem especulações sobre o facto dos heterónimos de Fernando Pessoa surgirem de esquizofrenia. A esquizofrenia tem, desde sempre, sido considerada por excelência, a doença sinónimo de loucura incurável. É uma situação que leva o doente a confundir a fantasia com a realidade e coloca em crise as suas relações consigo próprio e com o mundo.


"…Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida-real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar." F.P.

"Num dia em que finalmente desistira - foi em 8 de Março de 1914 - acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. (...) E tanto assim que, escritos que foram esses trinta e tantos poemas, imediatamente peguei noutro papel e escrevi, a fio também, os seis poemas que constituem a Chuva Oblíqua, de Fernando Pessoa. Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir - instintiva e subconscientemente - uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nesta altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num acto, e à máquina de escrever, sem interrupção, nem emenda, surgiu a Ode Triunfal de Álvaro Campos - a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem." F.P.


Fernando Pessoa em carta a Adolfo Casais Monteiro:
“Começo pela parte psiquiátrica. A origem dos meus heterónimos é o fundo traço de histeria que existe em mim. Não sei se sou simplesmente histérico, se sou, mais propriamente, um histeroneurasténico. Tendo para esta Segunda hipótese, porque há em mim fenómenos de abulia que a histeria, propriamente dita, não enquadra no registo dos seus sintomas. Seja como for, a origem mental dos meus heterónimos está na minha tendência orgânica e constante para a despersonalização e para a simulação. Estes fenómenos - felizmente para mim e para outros - mentalizaram-se em mim; quero dizer, não se manifestam na minha vida prática, exterior e de contacto com outros; fazem explosão para dentro e vivo-os eu a sós comigo. Se eu fosse mulher - na mulher os fenómenos histéricos rompem em ataques e coisas parecidas - cada poema de Álvaro de Campos (o mais histericamente histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas sou homem - e nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais: assim tudo acaba em silêncio e poesia.”


A personalidade múltipla está classificada entre os transtornos dissociativos porque existem várias personalidades dentro de uma só pessoa e essas personalidades não são necessariamente patológicas.
No transtorno de personalidade não há amnésias, mas uma conduta rotineiramente inadaptada socialmente. O aspecto essencial da personalidade múltipla é a existência de duas ou mais personalidades distintas dentro de um indivíduo, com apenas uma delas a evidenciar-se a cada momento. Cada personalidade é completa, com suas próprias memórias, comportamento e gostos de forma bastante elaborada e complexa. As personalidades são bastante independentes umas das outras sendo possível inclusive terem comportamentos opostos, por exemplo, uma sendo sexualmente promíscua e outra recatada. Em alguns casos há um completo bloqueio de memória entre as personalidades, noutros casos há conhecimento podendo gerar rivalidades ou fraternidades. O observador externo que só conheça uma das personalidades não notará nada de anormal com esta pessoa. As personalidades podem ser do sexo oposto, ter idades diferentes e até de outras raças.
O aspecto central da despersonalização é a sensação de estar desligado do mundo como se, na verdade, estivesse a sonhar. O indivíduo que experimenta a despersonalização tem a impressão de estar num mundo fictício, irreal mas a convicção da realidade não se altera.

Fernando Pessoa era absolutamente genial. Se louco, admiro-o mais que muitos sãos.
Talvez vá escrever uma inconveniência, but I'm gonna say it anyway... A personalidade múltipla deve ser das coisas mais extraordinárias que existem! Uma só mente que se transforma, molda, acredita, vive e sofre como se outras fosse. Um cérebro humano que consegue conceber múltiplas personalidades e delas criar arte distinta.
Vasta e profunda, a obra de Fernando Pessoa é contraditória, desconcertante e paradoxal.

Jack Nicholson no filme “Voando Sobre Um Ninho de Cucos” interpreta o papel de alguém que se passa por louco e faz de loucos o mais sãos possível. O seu espírito livre faz com que o poder o prenda para todo o sempre… ou pelo menos até que um louco aja com a coerência de uma mente sã e decida soltá-lo.

Felizmente, recordei Fernando Pessoa na mesma tarde do dia em que vi o filme. Um dia harmoniosamente maníaco. Espero, sinceramente, andar pela realidade e voar um pouco por uma loucura que me faça mais sadia.

sábado, junho 17, 2006

Sinergia

Vou pôr a língua de fora para apanhar e saborear todas as gotas que caírem das nuvens, os braços esticados com as mãos abertas para agarrar o mapa das constelações quando o vento o soprar, e descalçar-me para sentir na pele o toque de todo o grão de terra que pisar.
Uma das coisas mais grandiosas que podemos adquirir com alguma sede ou algum sacrifício é o conhecimento.
O que vier pela sede deste, é insaciável. O que vier pelo sacrifício ou acaba no necessário ou, por vezes, dá à luz o bichinho da curiosidade.
De qualquer das formas, é das coisas que, uma vez adquirido, ninguém nos pode tirar. Como a idade... E é precisamente essa que o vem buscar quando decide trazer a falta de memória para visitas mais amiúdes.
É a sabedoria de uma mente humana que faz esse um ser mais forte.
No entanto, quem muito pensa, pouco sente... ou pouco se deixa sentir. E é o sentimento que verdadeiramente une as pessoas.
Sendo o Homem um animal social, são-lhe absolutamente indispensáveis as relações.
Também das relações com os outros extraímos e criamos, nós próprios, força.
Aprendendo, ensinando, força para crescer, discernir, perceber, aceitar e rebelar no viver.
Unindo forças para que se crie uma sinergia vital... porque, eu e tu juntos somos mais do que separados.

terça-feira, junho 13, 2006

Tic Tac, Tic Tac

A beleza é como um estado de espírito e a dúvida é o começo da sabedoria.
Se é quando fugimos que estamos mais sujeitos a tropeçar, então, é incrível como a falta de alternativas clareia a mente.
Se nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir, somente correr não adianta. É preciso chegar a tempo!
Porque não arriscar nada... é arriscar tudo...


Conselhos ao Consumidor (de táxis e automóveis de aluguer)

  • Não é permitido ao motorista a recusa de prestação de serviço que lhe é solicitado, a não ser que implique a circulação em vias manifestamente intransitáveis ou em locais que ofereçam perigo para a sua segurança e a do veículo ou, ainda, que sejam solicitados por pessoas com comportamento suspeito de perigosidade.
  • Para que o consumidor tenha todas as informações sobre preços, os táxis são obrigados a exibir um autocolante não transparente, afixado no vidro lateral esquerdo, virado para o respectivo interior, com o tarifário em vigor.
  • Em caso de trajectos que envolvam vários tipos de tarifas, o motorista deverá avisar o cliente no momento em que é feita a alteração de tarifa a aplicar.
  • Nos veículos equipados com taxímetro, a contratação de um serviço via telefone, colocado nas praças, por telemóvel ou central rádio-táxi, implica o pagamento de um suplemento. Nos veículos sem taxímetro, também poderá ser cobrada essa taxa.
  • Já nos serviços urbanos contratados, o motorista só deverá accionar o taxímetro no momento em que chega ao local de chamada. Para os serviços suburbanos, o motorista accionará o taxímetro no limite da sua zona urbana.
  • O motorista tem ainda o especial dever de tratar o cliente de forma educada, bem como de escolher o trajecto mais curto para o destino indicado pelo cliente.
  • O transporte de bagagem só pode ser recusado nos casos em que as suas características prejudiquem a conservação do veículo.
  • É obrigatório o transporte de cães-guia de passageiros invisuais, de cadeiras de rodas ou outros meios de marcha de pessoas com mobilidade reduzida, bem como de carrinhos e acessórios para o transporte de crianças.
  • Da importância paga pelo consumidor será obrigatoriamente emitida uma factura, podendo este legitimamente recusar-se ao pagamento, caso o mesmo lhe não seja entregue.

Fonte: Decreto Lei n.º 251/98, de 11 de Agosto

Textos gentilmente elaborados por: DECO

A cópia destes conselhos é dedicada à minha amiga Joana, que um dia saiu de um táxi e fez com que o taxista fosse expulso da praça de táxis do aeroporto.

sábado, junho 10, 2006

Alguém, Algures, Amanhã


Sei que sempre fui impaciente. Talvez tenha sido isso que me tenha levado a conseguir muitas coisas e a perder outras. Pode parecer por vezes, ambição... Se positiva, espero que seja isso mesmo. Não quero ser mais uma pessoa... Quero ser mesmo "alguém".

terça-feira, junho 06, 2006

O Bom Vivant

Em cada minuto que passa, 60 segundos de vida.
Os 86.400 segundos de um dia significam 86.401 oportunidades de fazer algo.
Cada conhecido, um possível amigo; a cada olá, um sorriso caloroso; e com cada convite, um passaporte de viagem.
O caminho é percorrido com sede de conhecimento, vontade de transcender o percorrido pelo Zé Ninguém nº2014 na estação do Chiado.
É com a paixão que coloca em tudo, que desperta os demais da monotonia quotidiana. É por saberem que ao seu lado há a arte de produzir ar fresco e novo que lhe dizem "Sim".
O mundo é o objecto de estudo e a música é a sua língua, o seu escudo e o seu êxtase.
Se ao menos o seu corpo não precisasse de descansar, ele poderia viver duas vezes.
E duas vezes não bastariam...
O bom vivant é aquele que passa pela vida no gerúndio de Viver.

domingo, junho 04, 2006

As Boas Consciências

"Heróis, diz ele, pois é necessário heroísmo para lutar incessantemente contra o desejo de ser cego. É necessário heroísmo para assumir esse saber que só vós tereis e que os ignorantes, escandalizados não vos perdoarão. Diante das visões excessivas que tereis de suportar, prossegue o guia, sabereis reagir com aquilo que Salomão considerava a mais elevada dádiva ao homem: um coração inteligente. Só um coração inteligente vos dará forças para viver com esse saber excessivo."

As Boas Consciências, Lydie Salvayre

quinta-feira, junho 01, 2006

Problema De Expressão

Na cama, "To Sheila" - Smashing Pumpkins.
Passo os dedos pelo cabelo e deixo as madeixas deste deslizarem por entre os dedos até que estes cheguem à sua ponta e o cabelo caia, inerte. Não há uma única vez que seja exactamente igual. Nada é. Nenhuma parte do nosso corpo, nenhum momento, ninguém.
O cabelo é apenas uma parte deste corpo disforme, desta cabeça baralhada. E nesta mão só me saiu palha. Os Áses não sei na mão de quem estão. Ou se calhar acho que sei... ou ainda um outro se calhar: se jogasse uma damita talvez me safasse esta vaza.
Já todos sabemos que ao ler um texto várias interpretações poderão surgir; ao falarmos, nem sempre nos entendemos... mas o gesto também causa dúvidas.
A dança da sensualidade e do querer nem sempre é dançada nas vezes que desejada. Mas quando o é... quando o é, é mais excitante do que... do que qualquer certeza. As certezas não são muito excitantes...(Pelo menos não algum tempo após o seu conhecimento)
Há todo um circuito dentro de nós que ganha kWh e a nossa mente cria um magnetismo com a força contrária do íman do desejado.

sábado, maio 20, 2006

All I Need Is A Little Time, To Get Behind This Sun And Cast My Weight

Um dia o sol nasce e o brilho já não é o mesmo. Já não nos ofusca.
Nem sequer queima... Limita-se a evitar que seja noite.
Na noite desse dia, as estrelas passam despercebidas e a lua está lá só por mero fenómeno natural.
No próximo nascer do sol, esquecemos que clareou e nem saímos à rua.
Quando escurece, vem-nos à memória que mais um dia passou por nós, e saímos, com a vontade de gozar o dobro pelo tempo desperdiçado. Mas precisamos de casacos para combater o frio.
E os dias passam-se e o que era antes simplesmente respirar agora precisa de um ritual organizado.
As mentes vagueiam e o que era antes pedra dura passa agora a deteriorar-se pelo batimento das ondas.
Quando nos encontramos, esperamos que seja como quando tudo começou... mas já não tem o mistério, o medo, e o encanto que teve outrora.
Penso se serei eu a errada, sempre a querer novas viagens e a necessidade de estar no cume da montanha o maior número de vezes possível. Dizes-me que quando o mar está sereno não há nada a temer.
Mas eu prefiro que o barco se vire a andar ao sabor de uma brisa.
Quero paixão, quero arrebatamento! Sim, é isso que eu quero!
Se quando o tiver, descobrir que não era o que me faltava, então, não sei de que andava à procura... Saberei, porém, que estavas certo.
Mas enquanto ainda me corre sangue novo nas veias, enquanto as loucuras não trazem consequências muito graves, enquanto ainda escapamos com a compreensão dos outros - "São jovens..." ...
Quero procurar.



All I need is a little time,
To get behind this sun and cast my weight,
All I need is peace this mind,
Then I can celebrate.
All in all there's something to give,
All in all there's something to do,
All in all there's something to live,
With you ...

All I need is a little sign,
To get behind this sun and cast this weight of mine,
All I need is the place to find,
And there I'll celebrate.
All in all there's something to give,
All in all there's something to do,
All in all there's something to live,
With you ...
Air

quarta-feira, maio 03, 2006

Discover me, discovering you...

The less sense it makes, the more it means.
Não sei porquê. Não tenho a resposta para tudo.
Muito menos do que tudo, não tenho as respostas para mim.
São as interrogações que me empurram, são as dúvidas que me paralisam e são as respostas que me fazem questionar.
Gostava que o encantamento fosse verdade... tanto para mim... como para ti...
... But we are servants of our own truth...

O Conhecimento Empírico

Sim, também eu apoio o conhecimento através da experiência.
O que não quer dizer que eu experiencie tudo.
Sim, também eu sou um pouco hipócrita.
...
O que não quer dizer que não haja verdade em mim.

segunda-feira, maio 01, 2006

Take Me To Your Leader

Acordaste-me… Nem percebi que tinhas sido tu.
Tentei ignorar-te… Achei que significavas menos. Como fui ingénua.
Saí e acompanhaste-me.
Quando desabafei, disseram-me o que eras. O que pensavam de ti. Não quis acreditar.
À medida que o tempo passava estavas cada vez mais presente, sempre na minha cabeça.
Decidi ir ter com alguém que fosse mais imparcial para falar de ti. Não foram precisas muitas palavras da minha parte para me voltarem a dizer o que tinham dito anteriormente.
Cheguei a chorar. Parece que não passas sem te fazer notar.
Porque é que não me sais da cabeça?!?!?
Mesmo depois de engolir tudo o que me disseram, continuavas na minha cabeça, a bater, bater, bater, Bater, BATER, AAAAAAAAAAhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!
Apeteceu-me decapitar-me.
Odiei conhecer-te.

Dedicado à minha primeira enxaqueca.

quarta-feira, abril 26, 2006

Contagem Decrescente



Liberdade

Hoje o meu pensamento fluiu pelas diversas formas de liberdade, nos seus diversos campos de acção e o quão controversa esta pode ser.
Primeiro estava tudo silencioso e uns cães começaram a ladrar. Os mais citadinos, barafustaram. Eu, mais ou menos citadina que qualquer um deles, recordei. À memória veio-me uma aldeia. Os cães a ladrarem numa noite de Verão com todo o silêncio que nos circundava lembrava-me uma aldeia. Talvez tal como quando como algo com uma especiaria que a minha avó utiliza e é raro saboreá-la vinda de outra pessoa, a minha memória remete-me para lá. Como é que podemos libertar-nos da memória? Neste caso a reminiscência é de felicidade. Mas e quando não o é? Quando não o é, traz a mágoa. E uma profunda mágoa ou até mesmo revolta traz perturbações.
A revolta vem a mim quando vejo filmes como “Os Condenados de Shawshank” ou “Sleepers”. O abuso do poder, a injustiça e a falta de força (no sentido hierárquico) para virar o jogo. Por vezes é necessário ser paciente e inteligente, outras vezes uma vingança passional equilibra a balança.
Porém, além das atrocidades que podem dar-se dentro daqueles muros, o primeiro filme também mostra um outro lado. Prisioneiros que cumprem pena há tempo suficiente para dizerem que ali viveram a sua vida. Para começarem a contrariar os receios vulgares, e temerem mais o exterior do que os quatro pontos tatuados na pele. E aí? Para que lado pende a liberdade?
Por fim, a liberdade no amar alguém. A questão que emergiu foi: se tivermos uma relação com alguém, se amarmos alguém, e depois acabar, poderemos dizer que realmente acabou? Se, depois de outras relações, a vida nos levar a unirmo-nos novamente com essa mesma pessoa, poderemos dizer que algum dia a deixámos de amar? É que, se sim, então estamos a apaixonarmo-nos por outra pessoa que tem o mesmo corpo? Ou nós mudámos e o nosso novo eu está a apaixonar-se pela mesma pessoa? Como é que podemos afirmar que deixámos de amar alguém que depois voltamos a amar? Será que o entretanto não é apenas mágoa e vontade de esquecer?
Sei, de algum texto gravado em folha branca ou de sabedoria que alguém me passou, que o Homem terá sempre liberdade de pensamento.
O único fim à nossa liberdade é a morte. E, mesmo essa, há quem acredite que é o início da maior liberdade de todas.

Os Condenados Pela Imaginação

Bati com o portão e segui pelo caminho mais directo embora fosse aquele em que no meu estado normal menos me agradasse – o carreiro de terra.
Antes de atravessar a estrada muda, olhei para os dois lados e assim o repeti enquanto abria a porta do carro.
Embora já tivesse percebido que não havia ninguém nas imediações, nem sequer um cão vadio, precisei de voltar a confirmar, esquecendo as leis físicas que asseguravam que, se certificado previamente, não seria possível uma aproximação tão rápida do meu corpo, e sem nenhum som denunciante.
Mal bati com a porta, carreguei no fecho central. Estava em segurança mínima. Liguei o carro, o rádio, e segui…
Reparei que estava a pisar demasiado no acelerador. Pensei: E se eu me suicidasse? E se eu morresse hoje?... num dia tão banal, como acontece nos filmes – “Uma pessoa normal morre sem causa prevista. Familiares e amigos encontram-se ainda em estado de choque.”.
Quando passei por um rapaz que andava no passeio à minha direita e seguia a mesma direcção que eu, e ele olhou para o meu carro, apercebi-me que talvez o estivesse a puxar demasiado.(Ao carro, isto é) Resolvi, então, deixar de ter estes pensamentos parvos e concentrar-me na minha condução.
Um pouco mais à frente, num segmento deserto, um peão atravessa a estrada por que eu passo. Era um amigo meu. Ou um antigo amigo. Ele vira a cara na minha direcção e eu olho-o de frente… mas não sei se me vê. A mim.
Continuo e tenho um carro parado à entrada da rotunda sem que houvessem carros alguns a contornar a rotunda.
Prossigo o meu caminho e a mesma música country que toca desde o início na estação de rádio, continua. De certa forma, a música ainda me fazia sentir mais dentro de um filme. A banda sonora perfeita para um pré-desastre.
Quando me aproximo de casa vejo pela primeira vez umas luzes azuis plantadas na relva. Senti então que estava a chegar à meta. Estaciono, entro e corro escadas acima para poder escrever estes meus últimos 10 minutos da forma mais real possível.

...Agora já me sinto mais segura... se bem que ainda um pouco frenética.
Juro que é a ultima vez que vejo “Os Condenados De Shawshank” e conduzo sozinha para casa a ouvir música country.

sexta-feira, abril 07, 2006

Awake until the morning comes

Parece-me que é mais fácil partir do que ficar.
Quando descobrimos alguém que nos seduz com enigmas e, finalmente, descobrimos a solução dos enigmas... mas percebemos que o enigma resolvido, agora, já não faz sentido... O tempo passou. Passou demasiado tempo. Agora já não vai poder ser o que devería ter sido... no seu tempo. Mas se tivesse sido mais cedo, também não tería acumulado tanto, talvez não tivesse aquele sabor de...fogo.
Embora seja uma decisão inteligente dizer que não, parece-nos um pouco irrazoável, depois de tanto tempo gasto na luta para chegar à resolução. Mas as circunstâncias já não são as mesmas, as regras do jogo já mudaram e continuar em jogo agora significa andar numa "aresta de fogo".
Então, é mais fácil partir do que ficar.
Para quem parte, há um mundo novo, uma oportunidade de começar outro jogo.
Para quem fica, ficam as lembranças a espreitar pela janela que dá para onde tudo começou e... talvez até para onde tudo acabou.
Mas o fim de algo é sempre o começo de uma outra coisa. Uma coisa diferente.
Aqui, num tempo diferente, as escolhas são outras. A aprendizagem leva-nos a sermos mais ponderados. É uma construção mais previsível. É algo mais sólido. E, também por isso, quando começa a acabar é por desvanecimento. Aqui a decisão é a de dizer que sim, que acabou. Aqui, parece-me ser mais fácil ficar do que partir.


"E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo e morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim"
M.V.

sexta-feira, março 24, 2006

Há alguma coisa de novo debaixo do céu?

Se a luz das estrelas chega até nós milhares de anos luz depois, se a estrela para que olhamos já é, na realidade, muito mais velha do que como a observamos da Terra ou até já morreu, então, ao olharmos para as estrelas estamos a olhar para o passado.
E é nas estrelas que tantos depositam os seus desejos, são elas que tantos contemplam ao pensar no futuro, tantos unem as mãos prometendo nunca mais as largar. Nas estrelas...

quarta-feira, março 08, 2006

Publicidade evitável e inevitável

Agora anda pelo chão do metro um novo tipo de publicidade. Ou melhor, não é novo o “tipo”, porque se baseia em publicidade por meios exclusivamente visuais como grande parte, mas a imagem é mais chamativa. São corpos delineados no chão como se fosse o procedimento da polícia quando encontra um corpo. Rectas traçadas de forma a definir em que posição e local estava a corpo quando encontrado.
A consequência desta imagem que, por remeter a nossa memória aos filmes (que suponho seja o único sitio em que a maioria das pessoas viu esta situação), é a captação da nossa atenção.
Ainda antes destas figuras de corpos aparecerem pelo chão que pisa a multidão, a minha imaginação trouxe-me uma ideia de forma de publicitação.
Imaginemos, ou, “tragamos da nossa memória”, a imagem das muitas pessoas que se acumulam no passeio perante uma passadeira que atravessa uma larga avenida. Todas esperam o sinal verde para poder passar. (apesar de vermos as excepções que esperam encontrar uns segundos de distância entre uns carros e outros para se lançarem em corridas vitais)
Nova forma de publicidade: mal o sinal fica verde, o/a contratado/a pela agência publicitária corre para o meio da passadeira. Pára. E começa a fazer algo extremamente fascinante (ou talvez nem seja preciso tanto o “fantástico”) para as pessoas que (como disse anteriormente – numa avenida larga, logo, a passadeira é razoavelmente longa) ainda estejam a percorrer a passadeira, tenham a sua atenção conquistada.
Razão para ser uma ideia genial: a maior parte da publicidade passa-nos ao lado porque se baseia em ideias habituais e, como tal, não capta a nossa atenção. Pelo contrário, até pode passar a ser publicidade negativa. (Ex: os papéis que distribuem no meio da rua. Maior parte das pessoas recusa sequer pegar no papel). Por isso existem pessoas a especializarem-se neste ramo de actividade, tendo sempre como premissa a criatividade por forma a garantir sempre o surgimento de novas ideias. Assim, esta publicidade, se usada em proporções inteligentes, será praticamente impossível de evitar (as pessoas não vão querer, nem poder passar noutro sitio); o publico alvo não é obrigado a ter que ler frases mais que usadas como: “o produto é o melhor” e “oferece este mundo e o outro”; e, acho que, basicamente, será divertida.

A utilização desta ideia sem o devido consentimento da autora por qualquer pessoa singular ou colectiva será punida por lei.

domingo, março 05, 2006

E é assim...

Comecei o dia bem. Não tinha as primeiras aulas e, como tal, só entrava ao meio-dia e meia.
Apanhei o autocarro depois da hora necessária para chegar a horas à faculdade. O condutor do autocarro esperou um tempo gentil numa paragem para que uma senhora idosa saísse à velocidade (lenta) a que conseguia e esperou outro tempo amável para que uma senhora, também ela idosa, entrasse e se sentasse antes de arrancar o autocarro. Sim, porque quem já andou nestes autocarros urbanos sabe que quando aquilo arranca… – segurem-se! E a sua terceira atitude bela foi quando outra senhora de certa idade entra e pergunta se o passe do mês anterior ainda dava para o 1º dia do mês seguinte e o condutor responde que não, mas que ela se sentasse que ele deixava passar. (Sim, apanhei o autocarro à hora em que a 3ª idade começa o dia)
Aquele Sr. Condutor fez-me pensar que o mundo ainda era mais belo do que ter aulas mais tarde e estar um solinho primaveril.
Li mais um pouco do meu livro de bolso. Livro esse de seu titulo “As boas consciências” e do qual a sinopse refere que trata de um novo género de turismo. Um turismo aos locais definidos como “maus”. Bom, estava eu a ler muito descansada o meu livrinho quando me surgem palavras referentes a sexo oral. Mas não eram apenas “referentes”! Eram objectivas e explícitas. A palavra que me fez dobrar um pouco mais o livro de modo a fechá-lo a olhares curiosos começava por B… Sim, porque eu já vi muito boa gente a deitar o olho às leituras dos outros no comboio e no metro. Fiquei um pouco constrangida com aquela temática. E o que pensariam ao ver uma menina de ar angelical a ler um livro com aquelas palavras? Provavelmente que todo o livro tratava desse assunto e que “As boas consciências” era o titulo perfeito para servir a ambiguidade, o vago, o relativo. Pois bem, deixem-me que vos diga que o livro trata de questões sociais.
Depois de sair das aulas tive que ir ao Saldanha mudar a haste dos meus óculos. Pah… Sabem quando há um sitio (normalmente acontece em praças) e que têm que atravessar mil passadeiras todas umas a seguir às outras e o sitio é “já ali”? O pior é quando essas passadeiras estão reguladas por sinais luminosos e os sinais ficam sempre verdes para os carros quando os pedestres chegam ao seu inicio. O que significa que se atravessa a primeira passadeira e se está a ver os carros parados na rua em que passa a próxima passadeira e quando se chega lá TUMBA fica verde para os carros. Espera-se. Fica verde para os peões. Atravessamos a 2ª passadeira e já vemos a próxima livre porque os carros estão todos parados no vermelho e quando lá chegamos TUMBA! verde para os carros. Além de ser cómico este anda não anda em meia dúzia de metros, chega a ser pior - os pedestres têm que (se estivesse um mau dia) ficar ali à chuva ou ao vento ou debaixo de um calor sufocante. Não sabem programar os semáforos para um pedestre a uma velocidade média/normal atravesse todas as passadeiras de uma vez? Uma palavra? Ridículo.
Depois, já na loja dos óculos: Um rapaz simpático vem atender-me. Explico o que se passa e ele trata de ir resolver o meu problema. Adivinhem… ainda fez pior. Ele só tinha que colocar uma haste e conseguiu colocá-la torta. Ele só tinha que apertar um bocadinho as hastes atrás e os óculos ficavam tortos na minha cara. Uma vez até tentei explicar-lhe EXACTAMENTE o que EU via e achava, para que ele fizesse o que eu dizia e deixasse de cometer erros. Ele para apertar tinha que ir para a “oficina”. Ele foi e voltou mais de 5 vezes. A loja só me tinha a mim e 4 empregados. Já estavam todos a envolver-se e a olhar para mim. Com certeza pensavam que eu era uma cliente chata e impossível de satisfazer. A resposta é.. Não. Ele é que era incompetente ou para ser menos mazinha e dar o benefício da dúvida… inexperiente.
Tenho as orelhas demasiado perto do nariz e por isso tenho os meus óculos com um ângulo de 90º exactamente a meio do comprimento da haste. Ah, e os óculos ficavam tortos quando ele lhes mexeu porque, segundo o cavalheiro, as minhas bochechas são diferentes. Não tinha nada a ver com o facto de quando se pousava os óculos numa mesa uma haste ficar a baloiçar no ar.
Pela temperatura quente que traziam sempre que ele vinha do “oficina” percebi que a grande técnica constava apenas em aquecer as hastes e moldá-las. Resultado: fi-lo em casa.

And I wonder...

Muito ao estilo da Carrie no Sex And The City ou talvez nem por isso.
A roupa julgo que se coloca numa outra posição, mas uns óculos de ver ou de sol devem ser giros para nós ou em nós?
Encontramos uns óculos que adoramos, quando os pomos na cara não ficam bem. (sendo já esta última afirmação um pouco subjectiva também) Compramos ou não?
Ora bem, os óculos, sempre que os tirarmos da cara para guardar ou a função inversa, vão ser algo de que gostamos, por serem, só por si, giros. Se não nos virmos ao espelho, não teremos o problema de nos ficarem mal. O único problema é o que os outros acham (quem nos vê) = ficam-nos mal. Mas anda-se sempre a dizer "Não interessa o que os outros dizem. Sê tu próprio!". Pelo que concluo que devemos comprar óculos que nos ficam mal desde que gostemos deles. (hah, e a conclusão é seguir o que as pessoas das aspas dizem... que é não seguir o que as pessoas dizem! A vida é uma grande ironia.)

terça-feira, fevereiro 21, 2006

És tu e pronto!

Gosto quando te dás bem com as pessoas que também são importantes para mim. Gosto daquele ciuminho meio a brincar, meio verdade... Gosto quando nos olhamos e sabemos logo o que a outra quer transmitir... Quando contamos tudo o que nos acontece, tudo o que achamos das situações, das pessoas, dos sentimentos, das dúvidas... Quando alguém acha que está a dar uma novidade à outra e a outra já o sabia há tanto... Gosto de levar com a tua perna a noite toda. De quase cair da cama... De morrer de calor, roubares as mantas e depois ter frio. Que me digas o que é que eu disse durante o sono... Que me lembres de uma conversa que tiveste com o meu subconsciente. De sair em cima da hora e apanhar o autocarro errado... De ir a falar do lado de fora do comboio para chegar às carruagens da frente e não ver ninguém cá fora e continuar a conversar...de ver as portas a fechar e continuar a falar...de ouvir o apito do comboio e PARAR!, pensar... Carregar no botao de abrir as portas e elas não abrirem...e ficar a olhar para o comboio a partir mesmo ao nosso lado. Gosto quando mesmo mortas de cansaço nos rimos das queixas da outra, nos rimos das situações ou pessoas caricatas... Gosto principalmente quando sais na tua paragem do metro e voltas atrás para fazer um adeus cómico na minha janela.

domingo, fevereiro 19, 2006

She was his girl, he was her boy...friend

Porque é que será que temos mais medo de perder os outros do que a nós próprios?...

terça-feira, janeiro 31, 2006

Untitled (An Englishman in New York)

Adoro o som dos passos. Adoro o som dos saltos das senhoras a bater no soalho e dos sapatos dos senhores em chão molhado. Adoro andar na rua com temperaturas baixas, com as pessoas agasalhadas a passarem com grandes casacos e em passos tensos, devido à contracção dos músculos provocada pelo frio. (Vem-me à cabeça... "I don't drink coffee, I take tea my dear... I like my toast done on one side..." - Sting)
Para verdadeiramente apreciar o momento, tenho que estar toda tapadinha, sapatos confortáveis, mãos nos bolsos do casaco e phones a darem a música apropriada ao meu estado de espírito.
Fui ver o Pride and Prejudice. Embora a minha mãe me tenha educado, e eu própria, no sentido da emancipação da mulher, adoro a época pelos seus trajes. Os vestidos compridos são absolutamente... românticos. Se seguisse sempre o meu conselheiro de cinema, não teria visto no grande ecrã a minha versão de alguns momentos da minha vida. Um quadro bastante simplificado, obviamente.
Das duas personagens que contam o que se assemelha, na minha memória, ao que se passou, uma representa-me a mim e a outra consegue integrar duas pessoas da minha vida. Estão tão bem representadas que guardo até agora flashs intermitentes das duas grandes cenas e as respectivas cenas paralelas do meu passado.
O final da personagem que, supostamente, seria eu, não é o meu presente. Mas... espero estar no inicio da minha vida e por isso desejar um fim seria castrante. E... por enquanto... acho que, para mim, não podería ter sido de outra forma senão a que é.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Previsões

Os mais cépticos dizem "Horóscopo... pff... até parece que TODOS os peixes do mundo vão ter um dia com estas caracerísticas hoje..." Eu também o digo. Afinal só existem 12 signos para cerca de 6.000.000.000 pessoas. Probabilidades?
Mas a verdade (ou: a Minha verdade) é que os lemos. Seja por curiosidade, por achar que nos pode dar uma dica sobre algum assunto (mesmo que no fundo não acreditemos nela), seja pelo que for. Eu leio quando calha apanhar um dos jornais à porta do comboio, ou me calha uma revista alheia nas mãos.
Até tenho uma certa curiosidade em que um dia me "deitem as cartas" ou que me "leiam a mão". Mas depois, penso: E se eu começar a viver influenciada pelo que me disseram? E se eu vir em tudo uma aproximação do que a vidente me disse? E se for tudo mentira?... E se for tudo verdade?
Mas como é que eu posso mudar o rumo de algo que me está predestinado? Se me vai acontecer quer eu me vire para a direita, quer eu me vire para a esquerda, não me parece que valha de muito saber. A não ser para "esperar", não ser apanhada desprevenida. Mas faz-me confusão como é que .... Bem.... ANTES de eu saber (imaginemos) vinha uma rajada de vento contra mim e eu caía para a estrada e era atropelada. Mas, AGORA QUE SEI, já me vou prevenir. E se me previno, a rajada não me levará ao atropelamento! "E se for noutro dia outra coisa que te leve a seres atropelada?" Pois... se a Srª Vidente não fizer o favor de me avisar, e se esta coisa do destino existir mesmo, lá terei que ser atropelada.
Um dos pensamentos que mais reponsável me fazem sentir é o de que as minhas acções têm um peso tão grande que se eu "naquele dia" tivesse voltado atrás, tudo seria diferente hoje. Se eu não tivesse parado para ver se encontrava o telemóvel, talvez tivesse apanhado aquele metro, e talvez me tivesse encontrado com alguém, ou visto algo ou feito alguma coisa, se tivesse chegado ao meu destino nesse metro mais cedo, que mudaria o resto da minha vida.
O Destino é algo que me faz um nó na cabeça no formato de um ponto de interrogação. Mas talvez seja por isso que se inventou a palavra 'Transcendente'.

terça-feira, janeiro 24, 2006

O aquecimento Global e... o meu


Será que daqui a uns anos algum avô vai contar aos seus netos: "há muitos anos atrás existiam grandes grupos de pessoas, formadas em meteorologia. Estudavam para conseguir prever o tempo, e só o conseguiam para os dias mais próximos... e com risco de falharem! Agora, a Humanidade decide quando vai chover e a que horas raia o sol..."
Na minha imaginação, o avô suspiraria no fim, com uma certa saudade dos tempos em que ainda havia a incerteza. Porque a incerteza não é tão má como a querem fazer parecer. A incerteza está intimamente ligada à surpresa. E as melhoras histórias são aquelas que são surpreendentes.
E não é de histórias que se faz uma vida? As experiências não são nossas se não as Vivermos. E Viver uma experiência não é simplesmente marcar presença, é saber o que ela significou.
Acontece pedirem-me para escrever sobre algo e não me sair nada. Tenho que encontrar uma boa frase para começar e depois apanhar o "balanço" e desenvolver. Ou então, rabisco algo e depois vou acrescentando ideias antes e depois, e até mesmo modificando o rascunho inicial.
Mas quando começo a escrever, supostamente sobre "nada", e me entrego totalmente ao intelecto, as ideias fluem com uma rapidez que não consigo escrevê-las todas e sei que muitas já ficaram pelo caminho enquanto perco o tempo necessário para escrever estas que aqui ficam.
Com a cabeça a funcionar a "todo o vapor" surgem argumentos e logo de seguida um contra-argumento que invalida os antecedentes, chegando assim, depois de uma discussão comigo mesma, à minha opinião sobre algo. A qual se mantém até que apareça alguém ou algo com um argumento que destrua o meu melhor.
À medida que as certezas vão chegando eu vou envelhecendo. O espaço para sonhar diminui e o mundo começa a ser demasiado real.