domingo, junho 26, 2011

Ainda bem que não.

São horas de remoer a vida e escrever. Ou seria o início do meu dia, noutros dias...
Só que, amanhã, trabalho. Naquela coisa dos números, em que a criatividade pôr-me-ía mais perto do crime que da arte.
É pena ter desmaiado no calor do dia e relembrar-me apenas a esta altura.
Ainda bem que aquele candeeiro de rua, que irritantemente ilumina a minha varanda, está ligado.
Para não me pôr com ideias.

sexta-feira, maio 27, 2011

I started a joke, which started the whole world crying...


Ele soltou-lhe o riso.
Agora,
de gargalhada tão fácil,
não sabe se está mais simpática,
se mais parva.

domingo, março 20, 2011

Diz a lenda

"O meio termo é
um sítio terrível para parar na vida."

sexta-feira, outubro 29, 2010

quarta-feira, agosto 18, 2010

Como se pode pesar o Sol?

Diria que os meus dias são mais leves enquanto enfrento espadas.
Receber corações complica o processo.

quarta-feira, agosto 11, 2010

(500) Days of Summer

«This is a story of "boy meets girl"...
But you should know upfront: this is not a love story.»



(Author's Note: The following is a work of fiction. Any resemblence to persons living or dead is purely coincidental.


Especially you Jenny Beckman.






Bitch.)

A explicação de todo o meu Eu

"Em primeiro lugar, quis fazê-lo à maneira russa: as conversas russas sobre este tema são travadas da maneira mais estúpida. Em segundo lugar, quanto mais estúpido, mais próximo do que interessa. Quanto mais estúpido, tanto mais claro. A estupidez é primitiva e simplista, enquanto o intelecto tergiversa e busca subterfúgios. O intelecto é vil, a estupidez é frontal e honesta. Levei a conversa até ao meu desespero e quanto mais estúpida foi a forma em que expus as coisas, mais vantajoso isso foi para mim."

Fiódor Dostoiévski

sexta-feira, julho 30, 2010

Vê-me

Estão a chegar-se… Cada vez mais perto, estão a chegar-se.

E eu vou sorrindo, como quem não percebe… Vou trocando o passo e desviando o assunto…


Vão falando de cores que pensam interessar-me, só que as linhas são mais rectas do que o seu gingar. Julgam-me mais do que me conhecem.

Dou um passo atrás, e sorrio, como manobra de diversão para me aperceber do espaço que ainda me resta…


A conversa continua e pergunto-me se não sou suficientemente clara...?! (talvez julguem que conseguem ver através de mim…) E, despercebidamente, dou mais um passo atrás.


Desviando o olhar, procuro em volta por algo inesperado que me salve e, sorrindo cada vez menos confortável, continuo a sentir chegarem-se…


Um sufoco começa a impedir que possa fingir mais que isto também faz sentido para mim...


Pronto!, já senti a parede fria nas minhas costas! Agora já não tenho espaço de manobra para escapar...!



(Não sei o que querem. Mas sei que é de mim… E isso, assusta-me.)

quinta-feira, julho 29, 2010

Descalça

Encontramo-nos sempre descalços. E não é que nos vejamos apenas em locais que assim o exijam. É porque seja lá onde estivermos, tiramos os sapatos - talvez assim não nos magoemos tanto quando nos pisarmos.
Mas a razão mais proeminente poderá ser ainda, talvez, que já nos custa tanto andar que, quem sabe, descalços seja mais fácil... (nunca ouvi dizer que saltos altos eram mais confortáveis do que caminhadas na praia)
Porém, quando tiramos os sapatos e expomos a pele ao mundo exterior, é também de referir o quanto mais doi se pisarmos algo que não contávamos estar no chão.
Há muitos anos que tenho um pico no pé. Nunca o tirei. Ali está, já faz parte de mim. Já se acomodou à minha pele e é-me, agora, mais difícil arranjar coragem para enfiar uma agulha e tirar o pico, do que continuar a viver com ele. E, mesmo assim, continuo a tirar os sapatos...
Ainda no outro dia, por estar de sapatos, troquei o passo e caí. Não foi bonito. Foi um acontecimento extremamente humilhante - dado que assisti a tudo em câmara lenta e nada consegui fazer para o evitar - e francamente triste - dado que estava sozinha mesmo à porta de casa. (Não sei se se poderá considerar uma humilhação na ausência de alguém que nos julgue ou julguemos que assim o faz...?!) De qualquer forma, calçada, vestida e a carregar um montão de papéis, fiquei no chão, com um furo nas calças e as folhas a voarem consoante os sopros do vento que se sentiam nessa tarde, tão cansada, que poderia até ter sido derrubada por mais fraco acontecimento.
No sítio dos papeis, falávamos de tatuagens escondidas, como uma metáfora para uma personalidade oculta debaixo de fato e gravata num escritório com ar condicionado no máximo, enquanto lá fora o termómetro já rebenta os 31º. Riamos, mal sabendo os ténis sujos de concertos que guardo na mala chique que carrego em saltos agulha. Talvez também me tente elevar com tecidos mais finos e cortes mais formais. Mas, se já andei em pijama por Vila Nova de Mil Fontes, (de biquini nem conto os sítios!...) posso bem andar descalça por aí.

terça-feira, julho 13, 2010

Olhares Recíprocos

Tenho uma amiga que anda a insistir no jogo dos olhares. Ela acredita que ninguém troca olhares sem interesse mais profundo, e que se lhe retribuem o olhar, é porque há interesse. Disse-lhe que no outro dia estava no metro e parecia-me que todos olhavam para mim... mas que talvez fosse porque EU estava a olhar para todos como uma obcecada.
Dito isto, conclui-se que o romance e os jogos sedutores podem ter dois planos imaginários muito diferentes.

quinta-feira, julho 01, 2010

Uma Tarde

Era uma tarde de Verão. Uma tarde como tantas outras... Só que o Verão acabava de chegar este ano e algo tinha mudado - pelo menos, para ele - desde o Verão passado. Mesmo assim, para muitos, era uma tarde de Verão como tantas outras - pelo menos, para ela.
A porta da entrada do prédio estava entreaberta. No Inverno ainda havia o cuidado de baterem com força para a fechar; no Verão os estragos ajudavam a que corresse uma corrente de ar, ainda que quente (mas quem é que não gosta dessas aragens quentes de Verão?) pelo prédio antigo. Subiu os degraus de madeira (também ela de certa idade), acompanhada pelo ranger das tábuas que já tão bem conhecia, não poupando no entanto, a preguiça dum chinelar arrastado, como se o dia na praia a tivesse obrigado a carregar o sol em ombros até à cidade.
Quando chegou ao 3º andar, suspirou, e deu um último pesado passo, elevando o braço para bater à porta. Do lado de dentro do apartamento, ele gritou, como que por entre mil afazeres: "Já vai!". Ela estranhou - normalmente ele diria "entra..." e bastaria rodar a maçaneta, atirar-se para o sofá e ficar feliz por finalmente descansar sob a brisa que vinha da, estrategicamente localizada, janela, grande e quadrada que, de resto, se enquadrava na perfeição no traço antigo da casa. Quando não se entregava ao sofá, abria a janela, sentava-se no seu parapeito e passava ela a enquadrar-se numa foto em contra-luz extraordinária - mas não para ela, para ele. Nestes fins de tarde juntos, ela queixar-se-ía de como a vida era difícil ou contaria de um modo um bocado atabalhoado os últimos acontecimentos, misturando factos com o seu parecer, deixando-o apenas com um sorriso por ela ali estar, faladora e incerta, como sempre, sem dar importância, necessariamente, a todos os seus devaneios. Era o bastante vê-la ali, saber que estava ao seu lado, em oposição ao restante tempo dos dias em que só podia imaginar onde ela estaria, o que fazia e com quem estaria a partilhar as suas risadas, lamentos e observações. Mas não desta vez: o bastante já não era suficiente, e esta tarde não era como tantas outras - especialmente para ele.
Enquanto esperava do lado de fora, entrelaçava o cabelo por entre os dedos e bufafa de calor. Olhando em volta, aproveitava também para do mais pequeno pormenor (como estar ansiosa por ver a porta abrir-se e lembrar-se da música "Dá-me Luz" - da qual só sabia o título por relacioná-la à de Jorge Palma, "Dá-me Lume") tecer mais um dos seus fios de pensamento, tão disconexos para qualquer outra pessoa - e nem ela sabia a maioria das vezes lembrar-se como é que tudo tinha começado - mas tão típicos da sua mente: Lembrou-se da noite em que viu Jorge Palma sentado ao piano do Casino Estoril e na falta de interesse de tantos que se deslocaram lá, e lá, viravam as costas ao artista. Pensou na palavra "Respeito" e em como um dia, num qualquer país que já nem se lembrava ao certo, lhe "pediram" para vestir o casaco à entrada de uma Igreja. Ora, se para ir à Igreja, há que respeitar os princípios desta, para ir ver um espectáculo, há que prestar atenção!
As observações eram um traço marcante desta rapariga. Nem sempre eram ditas com noção de como soariam depois de expostas. Era comum dizer algo que não lhe parecia muito grave, para se aperceber logo após, pelo silêncio ou expressão facial de quem a acompanhava, que era julgada não ter coração ou o mínimo tacto para conseguir dizer o que dizia. Outra vezes, nem era necessário que abrisse a boca para espantar os outros - quando não sabia o que dizer, comportava-se de formas que ainda tornavam as suas poucas palavras piores do que o discurso mais hostil possível. Escusado será dizer que era uma pessoa... vá, digamos: Especial.
Perguntar-nos-emos, então, por que é que parece que este rapaz está apaixonado por esta rapariga?... Não saberei responder a essa questão. Sobre sentimentos poder-se-à dizer muito, mas nunca o suficiente como senti-los. Pelo passado, poderei estimar que as relações mais estreitas com esta rapariga eram difíceis para quem estava do outro lado. Porém, testemunhos afirmam que quando se estabelece um laço, ele é fortíssimo e, há uma marca que esta menina deixa, bastante pessoal que, estranhamente, é com carinho que se passa a pensar nela. Claro está que, sendo quem descrevo acima, não poderá transformar-se completamente num oposto após a criação de uma relação mais íntima. Sim, continuará a ser fria e desapegada mas demonstrará também um outro lado. E é, talvez, esse electrocardiograma entre a raiva de quando ela é insensível e finge que nada lhe toca, e a ternura que é quando a apanhamos a jeito, que apaixone; assim como a segurança que consegue incutir - desde já, inesperada - que agarre, então, qualquer um a alguém tão improvável... bastando para isso que se dê tempo ao tempo!, e este lhe dê o tempo dela.
Para o leitor mais atento, poderá ainda colocar-se a seguinte dúvida: "Que tanto fazia o rapaz de especial dentro do apartamento nesta tarde?". Infelizmente, também nunca soube. Só sei relatar que de tanto esperar (ou apenas, "um pouco" bastante ampliado pela sua impaciência), ela já se tinha sentado nos degraus ao lado da porta branca do apartamento. De repente, ele abre a porta e logo lhe sorri, com nervos incendiando internamente um "é agora ou nunca!...". Ela levanta a cabeça e enquanto se ergue em gestos pesados do calor, esgotada e desesperada por se atirar ao sofá do outro lado, diz, já no fim da sua pequena gentileza: "Ainda bem que esperei sentada!...". Ouve-se uma porta bater! - resultado da corrente de ar que se gerou, não só no prédio como no íntimo daquele, agora menino, que viu apagar-se a chama e as expectativas que tinha para esta tarde que, por momentos desejou diferente, mas se revelou igual a tantas outras...




quarta-feira, maio 26, 2010

(Re)Pensar

Por encomenda comecei a pensar...
Por encomenda porque há já algum tempo tinha posto esse verbo de lado para me dedicar à arte sacra do "corpo são, mente sã".
A mente andava sã (por derivação filosófica da premissa que se verificava), sim senhor...

e vazia.
Nunca andei tão saudável. Que é como quem diz: sem preocupações.
As preocupações não as tinha porque não dava tempo ao pensar. E mesmo assim, o tempo faltava. Mas sendo filha dos meus pais e, com genes bem singulares, a falta de pensamento separava-me o Ser de quem sou.

Disse-lhe, convicta, que nada tinha a dizer ao mundo nesta altura. Tão convicta quanto vir aí o Verão e ser bem mais giro um bronze do que uma ideia. (Sempre é mais palpável!...) E agora que paro para pensar, lembro-me que ainda no outro dia estive a discutir a saúde mental até às 4h da manhã... (Parece que mesmo fugindo, as costuras da nossa génese não desprendem facilmente.)

Mas se ele não me tivesse espicaçado, dizendo que até o vazio é descritível (como se eu não soubesse!... Mania de me ridicularizar para, num toque de mestre, me fazer ver a fraca qualidade das minhas desculpas), não teria eu recomeçado a pensar.
A questão é que o meu vazio era mentiroso.

"Somos intermitentes como as luzes da árvore de Natal", tentei argumentar.

Talvez porque, nem mais nem menos, num Natal me tenhas dito o quanto gostava de ver as pessoas fazer coisas pequenas, trabalhos minuciosos... Queria ele dizer que há uma inocência enterrada pelas armas que temos de usar no mundo cruel e, brilha então, o primar por um pormenor simples, como enfiar uma linha numa agulha enquanto se põe a língua de fora. E envergonhei-me por querer ser mais do que um pensamento.

Lembrei-me disso. Lembrei-me que há ideias bonitas. E depois também que há sonhos que, para além de bonitos, são humildes. Esses eram os que o faziam sorrir. E sorrir nem sempre é fácil. Dominar o mundo pode ser espectacular mas é um objectivo um bocado solitário. (Deixemo-lo pelo caminho, sozinho na escorregadia estrada molhada que agora já faz sol e nada disso importa.)

Não me esqueço da arte do humor e da inteligência por detrás da parvoíce que me mostraste. E agora, já não vejo grande louvor em actos grandiosos. Enaltecer com um aplauso a magnificência de se ter muito que fazer e “arranjar-se” tempo para alguém, parece-me ignorante. Estar e, mencionar o quão apertado o sapato é e, o tempo e tamanho esforço que se fez para ali estar, é pequeno. Ser-se Grande é: ter-se muito que fazer mas estar-se com cada pessoa como se se tivesse todo o tempo do mundo para ela. Porque o tempo é igual para todos - 24h sem tirar nem pôr. O que nos diferencia é o que fazemos com ele. Escolhi passar este tempo a pensar em ti e no que me ensinavas, deixando passar as horas e a oportunidade de não pensar.

Penso que devias ser autronauta. Estando longe, poderias ignorar todas as pequenas coisas que perdem a importância quando vistas de um prisma global. (Ter a perspectiva certa sempre foi uma questão de posicionamento.) Mas, e daí, és tanto mais do que a soma das partes… O global não te assenta tão bem como a particularidade da piada parva no momento inoportuno.

Se calhar foi por isso que deixei de pensar… Estava enganada.

Ou então...

Bem, não me oiças. Não sei o que digo e já nem sei por que parei para pensar…

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Aggerbæk

Toda a gente está vestida de preto. Ou é isso, ou estão só na bruma da voz...
Um contra-baixo no fundo, o foco no sítio certo...
Aaah... e o trompete! E o trompete... com os lábios. Com os lábios!...
Sorrio no meu canto e penso "estou na presença de um génio".
Deve ser estrabismo, porque quando te sentaste ao meu lado ía jurar que eras uma pessoa normal.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Velocidade do Som

Deixai-os adiantarem-se,
esfolarem-se,
pelo lugar dianteiro.
Quando nós chegarmos,
não haverá quem nos aponte o dedo,
porque no egotismo dos aplausos,
pisaram as minas,
abrindo caminho para nós,
os gloriosos atrasados.





segunda-feira, novembro 30, 2009

Debaixo do holofote somos cegos



É na penumbra da última fila do teatro que se vislumbra o espectáculo todo.

Don't Panic

Não há árvore de Natal.
Todos os indícios de um tempo normal estão para lá destas paredes envidraçadas.
Deixam-nos aqui encubados, tal como numa estufa, para amadurecermos nas condições ideais. O problema é que já estamos para lá de prontos e, se não baixamos imediatamente o nível do aquecimento central, vai haver uma catástrofe...

terça-feira, novembro 03, 2009

Prefácio

Uma tosse seca que arranha a garganta diz-lhe que nem todos os cigarros fumados à janela, na sombra do pensar, o fazem mais poético que duas estrofes e um verso.
A prosa caída nas folhas de um Outono noutro lugar, conta a história perdida nos anos de boémia entre ruelas e janelas que espelharam a luz do sol quando ainda se debatia com o tropeçar dos seus caminhos.
Foram dias em que só viu escuridão e luas de noites em que viajou para lá das barreiras do intransponível.
Sempre lhe foi mais fácil usar imagens como modo de compreensão do que palavras como modo de expressão. Por isso, ouvia mais do que falava e imaginava mais do que se explicava. Lia e viajava pelas letras de outros mas sentia tudo como se seu fosse. Por vezes tornava-se até difícil distinguir onde acabava um livro e começava a sua história...
Folheando as páginas amarelecidas, guardadas pela capa rija de um castanho livro, nascido e guardado pela madeira, levanta-se da poltrona velha mas confortável, que se moldou em tantas noites em branco, e vai até ao desaguar do Tejo. Encostado a esse velho amigo, que se abre naquele mar onde morrerá um dia,
desconhecido por todos,
senta-se e
contempla a viagem de mais uma imagem.

Quando todos os pontos são diferentes e
Qualquer vírgula muda uma ideia,
Ao incendiar um livro queima-se uma vida...
E perdem-se brisas que lambem a pele com distintos paladares.

You! Me! Dancing!

Se por um ano largasse tudo e me agarrasse a uma objectiva, poderia fazer fotografias com as minhas mãos e criar sonhos com as minhas perspectivas.
Como um crime de criança, foi um segundo em que pensei que há impossíveis que podem ser realidades e, entre o entrelaçar de uma melodia, escreveu-se a lápis a frase assobiada num só sopro. Há quem lhe chame “o sopro do coração”... eu cá chamo-lhe... submersão de dicotomias.
Mas, qual parábola circular, reiniciei o pensamento e percebi que o excepcional da vida não é o amor que alimentamos com memórias mas os momentos em que desafinamos no mesmo tom e, olhos nos olhos, nos rimos.
Disse-me ele que o pai lhe tinha ensinado que “a vida é um jogo, só temos de aprender a jogar segundo as regras” - depressa discordámos, como passamos os dias a fazer, em conversas intermináveis...

...Mão na roleta, a minha sorte pode ser mais negra que vermelha, mas os números são ímpares e inconfundíveis...

Ele achava que a vida era para ser levada com seriedade e eu murmurei que a vida devia ser tocada como uma música: respeitando os tempos, ouvindo os outros instrumentos e criando crescendos, explosões de vontades!... e momentos em que, do fim da nota ao entrar do silêncio, se tem o diálogo mais intimista de sempre...

...Mão no pulso, ainda estou viva. Sou um corpo que poderia não existir mas, sem ele, não poderíamos dançar ao som da vida...

... Anyone Can Play Guitar.

Entre acordar em fusos horários diferentes, perdeu-se qualquer coisa. E não foi uma hora para trás ou uma hora para a frente.
Já pensei que se pudesse deslocar-me rápido, podia fazer um jogo de arbitragem com o tempo. Mas ao voltar atrás não te encontraria... porque te moves de outra forma, porque andas com outros passos. Não encontraria o mesmo ar que respiro, inspiro e suspiro... Oxigénio e dióxido de carbono sempre me fizeram misturas dúbias.
Vim deixar os vestidos esvoaçantes, as sandálias que não pesam nos pés (e me deixavam andar solta e feliz e), ao levar as camisolas, volto mais nua do que depois de uma noite de amor.
Amor não existe, ou se esconde ou... Amor? - O que quer seja aquele entusiasmo.
Se acordei de um estado de esquizofrenia, uma raiva empedernida, escondida por baixo da cegueira do relâmpago, bateu com o punho na mesa! e, na madeira da mesa, mesa em que espalhei a minha vida, complicada e dividida, em pequenos objectos, pequenos e preciosos, pequenos e maiores do que qualquer explicação, fagulhas carpiram: “há algo em ti...”.

Sei que já te disse mas, (não sei se ainda te lembras) de te ter dito que me disseram que...
não sei falar de Amor.

E já me tinha esquecido de quem sou.

Verifiquemos: todos podemos fazer algo - passar de interessado a interessante é que exige um bocadinho mais de impulso. Mas deixei as sandálias na mala de Verão e as botas não me deixam ganhar grande altitude.
Se qualquer revolução se baseia em Amor, talvez isto seja uma pista...
Chega de revoluções! De guerras em conquistas, só fico mais velha.

Hoje sou quaretona e vou-me enroscar no sofá com uma amiga e um copo de vinho. Esperar que o álcool me desidrate o suficiente até sugar de mim todos os pensamentos que me arrastam.

terça-feira, outubro 27, 2009

Se Calhar...



Let me sing you a waltz, out of nowhere, out of my thoughts…
Let me sing you a waltz about this one night stand…


Havia uma porta vermelha naquela rua.
Tantas vezes passou por ela que deixou de se aperceber que ela ali estava.
O contraste feliz da porta em dias de nuvens brancas e fofas, esculpidas num céu azul de luminiscência ofuscante,
ou mesmo em dias cinzentos em que o vermelho era quase sangue,
fazia parte das pequenas coisas do dia-a-dia que passam para segundo (e terceiro... e, quarto...) plano na nossa atenção porque as temos como garantidas. E era vermelha.
Tinha pequenos rectângulos de vidro na parte de cima e rodeava-se de uma parede de tijolos castanhos, sujos pela intempérie, mas seguros por anos.
Tantas vezes passou por ali e nunca viu a porta vermelha abrir-se.
Tantas vezes por ali passou que a curiosidade de crescer para, finalmente, poder evitar saltos embaraçosos, e ver o que estava para lá da porta vermelha, também decidiu passar...
Encarnada como a carne que escondia por baixo da pele, a porta não envelheceu como as rugas do seu rosto.

Let me sing you a waltz, out of nowhere, out of my blues...
Let me sing you a waltz about this lovely one night stand...

Apaixonar-me-ei para sempre em Agosto.
Porque “um peito que canta o fado, tem sempre dois corações” e,
“eu não sei falar de Amor...”,
fiquemos só assim, de mãos dadas no banco do jardim.



Porque Paixão é muito mais do que uma porta vermelha e
Amor não se segura com tijolos.

sábado, outubro 03, 2009

Asas São para os Outros

Fosse a vida uma canção, não se compartimentariam os sonhos no cérebro para que, quando nos dá aquele friozinho na barriga que nos faz saltar o coração pela boca, evitemos mastigá-los sem sequer os saborear.
Por isso, racionalizemos o coração e deixemos as asas para os outros.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Hvad med dig?

Elas andam disfarçadas.
Disfarçadas de fome, aos pulos para sair, e a roubar tempo à minha concentração..
Elas, as Saudades, que só existem em Portugal, e com as quais sempre adiei uma conversa em torno de um café.
O café aqui é sempre mais longo e, eu, na minha ingenuidade e crítica voraz depressa lhe chamei criança perto da bica curta (como aliás, as meninas minhas amigas) e forte lisboeta.
Mas se tamanho não é sinónimo de eficácia (já diziam as minhas amigas...), lhes digo que o café aqui tem mais efeito em mim.

Mas porque é que de saudades foste falar de café?!

Bom, talvez porque
Nunca soube expressar a saudade mas, enquanto a guardo cá dentro, escrevo por fora.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Roubei Uma Loira

Roubei uma loira ao meu amigo.
Ele, com o seu charme já reconhecido perante toda a comunidade estudantil, perguntava-lhe que línguas é que ela falava... Quando ela, de entre outras, disse português, ele num rompante me chamou e quis exibir-me (talvez achando que isso o fosse ajudar ou tornar a conversa mais interessante...) Infelizmente para ele, ela começou a falar cada vez mais comigo (talvez tenham sido os meus olhos amêndoados ou um sentimento de que eu a compreendia melhor que qualquer um dos que a rodeavam numa pacífica luta pela sua atenção).
Ao fundo gritavam e erguiam em braços o vencedor do torneio de uísque - aquele que virou uma garrafa sozinho primeiro. E ela continuava a falar-me sobre os assuntos menos esperados numa festa, como se o mundo todo estivesse parado, em absoluto silêncio e, só eu existisse agora e a nossa conversa; como se fossemos amigas e aquele momento fosse tal e qual como as duas de pijama, num sofá, a conversar às 4h da manhã, as duas, sobre o sexto sentido das nossas vidas.
"Todos correm e tens que parar e perguntar «Porquê?», «Para onde?». Saber se preferes correr na direcção oposta. Mesmo que não saibas (porque não o saberás), se é o correcto. Ter coragem de o assumir mesmo que ninguém te entenda e te chamem até de louca. Fazer o queres e não o que os outros querem de ti."
Entre este jorrar de ideias (ela falava como se estivesse quase febril ao mesmo tempo que feliz por ser diferente e ter perdido tempo a pensar que poderia Querer Ser Diferente) fazia algumas pausas para tentar apanhar o fio à meada do seu próprio pensamento e aproveitava para perguntar-me: "...Percebes...?".
"Todos queremos viajar mas poucos sabem porquê. Eu sei! - para conhecer as gentes..." (e eu que só queria ver o sol pôr-se em diferentes tons...) "....Quero falar com as pessoas. Mas não sobre os assuntos de sempre, as perguntas cliché, os interesses socialmente desejáveis. Não. Não sobre o que deveriamos falar, mas sobre o que queremos, o que pensamos..." (e eu que só vejo perguntarem "de onde és?" "o que há de interessante no teu país?") "...A opinião das Pessoas do Mundo e não só dos que «têm direito à opinião»."
Entre este minuto e aquele, confessa-me que só estuda Gestão porque... era preciso. Na verdade, queria ser psicóloga - "Se o teu avô pintasse um quadro, um bom psicológo poderia dizer, por exemplo, que ele se casou sem realmente o desejar, que é mais feliz aqui do que ali e que prefere isto e aquilo, e que a sua personalidade desenha-se a cada traço seu... Só pelas suas formas, cor e composição. É isso que eu quero." (e eu que me pergunto todos os dias o que Eu quero...)
As pessoas já começavam a interrompê-la e a puxar-me aqui e ali... Ela termina dizendo: "Ser para sempre e, lutar por ser, uma criança na ingenuidade de querer saber tudo, e ouvir, e aprender, sem a mente fechada, pré-concebida, organizada e trabalhada pela sociedade em que querem que te insiras."
(E eu que roubei uma loira ao meu amigo, e ela roubou-me um momento para que eu pudesse roubar-lhe as palavras e saber agora expressar parte do que também eu quero).

sábado, setembro 05, 2009

2+3 = 5 Homens; 23 anos, 5 de Setembro

Se tivesse que dizer qual a minha paixão, diria que é... perder-me.
Por aí, por ali... e acolá despertar subitamente e perceber que tenho de virar à direita. Não que seja de direita (de esquerda não serei certamente) mas, algures no meio de me perder e encontrar o caminho, há um momento só meu, onde saboreio a liberdade de existir sem que saibam que por aqui ando, quem sou e o que já fiz.
Não é então tanto o perder-me que me apaixona, como o que encontro enquanto me perco.
Tantas vezes guiei o carro sem saber por onde ir, apenas tendo em mente a noção de que o rio estava naquela direcção ou o mar e a serra da minha vila solarenga eram marcos para o nascer e o pôr-do-sol. Aprendi também (em terras do Amor) a meter um selim debaixo do rabo e perder-me no equilíbrio de duas rodas. Agora, mais para Norte (que sempre me disseram era para qualquer deambulador - "O que é isto?" "Então!, uma palavra nova..." "Pois, bem me pareceu..." -, ponto assente na bússola), a conquista ("Se calhar é um termo um bocado medieval, não?!" "SE calhar É... não é?!?... Quer dizer, não andamos praqui a Con-quis-tar!...") escreve-se em letras minúsculas, tímidas, envergonhadas por tanto poderem dizer e tão pouco espaço ocuparem.
Aqui fora, um luar inexplicável debruçou-se sobre as águas do canal, mansas, numa noite absolutamente inesperada em Copenhaga.
Ao voltar para casa, desviei-me do grupo (tinha mesmo de fazer aquilo... para ti, por nós). E quando o relógio marcou a hora certa, cá estava eu, e tu (desse lado),
como nunca,
como sempre.

segunda-feira, julho 27, 2009

Os museus fecham à Segunda...

Beethoven - Fur Elise

... mas nas madrugadas ainda se faz arte.

quinta-feira, junho 25, 2009

Irreversible


Nota Mental: Atravessar as avenidas. Os túneis podem não ter saída.

quarta-feira, junho 24, 2009

Cartas como no Antigamente

Já não se escreve como antes, já não se espera como antes, já não se dança como antes...
A sedução corre a passos velozes e esquecemo-nos de como era inflamável a incessante vontade de ter o momento certo. Perderam-se os clássicos na evolução de prédios futuristas em zonas históricas e na troca de um selo tão nosso por um click instantâneo.
Eu gosto que sejamos os incompreendidos.
No dia em que me sentei naquele telhado de sempre, sobre as telhas laranjas devorava as imagens como se renascesse ali. Era como se entendesse tudo melhor depois de perceber mais aquele horizonte. Talvez por isso diga sempre que gosto mais de quem está perto de morrer.
Enquanto por aqui andamos, escrevemos argumentos para personagens que nunca respeitarão o diálogo. Vamos fingindo que não sentimos assim tanto, e que as palavras não precisam ser usadas porque tudo nos roça superficialmente, tal como os seixos que ías fazendo saltitar sobre a água do rio naquela tarde de Verão. Calças arregaçadas, esqueceste-te foi de ir mais além. De te lembrar que nada pára. E quando pára, afunda-se.
O nosso ritual acabou. Já não consigo discernir onde nos diferenciamos do resto. Agora somos iguais. E quando fecho os olhos, sentada no topo do telhado de sempre, já não me sinto acima de nada.
Assim como me prometeste que me levavas para uma tempestade tropical debaixo de um abraço, lambo o envelope e atiro ao vento a carta do antigamente, porque já me esqueci do seu destinatário.

quinta-feira, junho 11, 2009

Manel Cruz disse: "Eu podia estar mais perto do que eu queria para mim, só que eu já não sei ao certo onde foi que eu pensei chegar..."

E li: "Perguntem, perguntem-lhes: como compreendem eles todos, até ao último, onde está a felicidade? Oh, podem ter a certeza de que Colombo não era feliz na hora de descobrir a América, mas sim quando estava no processo de a descobrir; podem ter a certeza de que o momento mais alto da sua felicidade foi, talvez, três dias antes de ter descoberto o Novo Mundo, quando a tripulação amotinada por pouco não virou o galeão na direcção da Europa, caminho de volta! Não é o Novo Mundo que conta, nem o diabo que o carregue! Colombo morreu quase sem vê-lo e, no fundo, sem saber que o tinha descoberto. O que importa é a vida, apenas a vida - o processo da sua descoberta, ininterrupto e eterno, e não o facto de descobrir! Mas, falar para quê? Desconfio que tudo o que estou agora a dizer se assemelha tanto às frases feitas mais gerais que, decerto, me vão tomar por um colegial do primeiro ano que apresenta a sua redacção sobre o "nascer do Sol" ou, então, que talvez eu tenha tentado dizer alguma coisa mas, por mais que o desejasse, não consegui... acertar no "desenvolvimento". Vou, contudo, acrescentar que em qualquer ideia humana genial ou nova, ou simplesmente em qualquer ideia humana séria em vias de nascimento em qualquer cabeça, persiste sempre uma parte impossível de transmitir aos outros, nem que o autor escreva volumes inteiros e passe trinta e cinco anos a explicar a sua ideia; persistirá sempre alguma coisa que não quer sair do seu crânio e ficará consigo para sempre; com isso morrerá, sem ter transmitido a ninguém a parte talvez mais importante da sua ideia."


Fiódor Dostoiévski, em "O Idiota"

quinta-feira, maio 28, 2009

Oiçamos o 1º minuto e... Suspiremos...


Pensei que precisasse escrever algo para pôr isto aqui. Mas... não, não preciso.


...Posso dizer-vos que estão praí 35º...

sábado, maio 23, 2009

Já sei porque é que as minhas frases são tão compridas.

É porque os meus pensamentos são demasiado complexos para poderem ser separados por vírgulas e pontos que obviamente quebrariam o rastilho profundo e frenético que se acende em mim quando tenho uma idea.
Mas depois as pessoas dizem que não percebem. Que sou confusa.
Não percebo. Não VOS percebo. EU é que não Vos percebo. Afinal, toda a gente percebe a Teoria da Relatividade de Einstein. (Percebe?)
Bom, então se calhar sou mesmo eu que não sei escrever. Sim, devo ser eu que não sei escrever. Não sei escrever, não sei ver, não sei ver como me explicar... Ou se calhar és tu! És tu que não sabes o que é. Não sabes o que És. E ninguém quer um Homem que não sabe por que razão existe.
Põe os dois pés no chão e tenta olhar para o peso que deixaste marcado.
Agora tenta elevar-te...

domingo, maio 17, 2009

Menos de 3 é pecado

É preciso ter olho.

domingo, abril 19, 2009

Tudo Isto É Fado

Enquanto pensava para onde iria, onde seria a próxima jornada, gatafunhou num documento bem menos romântico do que uma folha que pudesse ser escondida como um tesouro...

Oiça Lá, Ó Senhor Vinho, Lá Vai Lisboa!...
Lisboa quer tanto ser a Parisiense que passa em Praga com um pé em Copenhaga. Balançar-se num Fado Corrido por Roterdão e ter Um Barco Negro atracado em Budapeste. Sabe-se Lá.
Para trás deixa-se Uma Casa Portuguesa. Deixa-se saudade...
Deixa-se... o que Nem Às Paredes Confesso.

Lisboa Antiga, fico contigo?

Em dias de espera, na incessante procura do futuro, pensou no passado e decidiu o presente.
Tão perto da cidade prometida, tão longe da coragem para o assumir.
“É um amor antigo.” - digo sempre.
Foi um amor perdido - a cidade que me roubou o primeiro amor.
E entreguei-me a Lisboa...
Por momentos pensei que se apagasse as luzes, a visão perderia terreno e os outros sentidos exaltar-se-iam sem censura.
Por momentos tentei ouvir-te (ou o que quer que seja que queres dizer com as palavras que proferes).
Por um momento, cheguei a inspirar-te sem nunca conseguir conhecer-te.
Mas já nos senti mais quentes. Já nos senti ao ponto de sentir muito mais do que sentir. Ao ponto de fazer bem mais do que quereria. De fazer o que queria mesmo.
Devíamos embebedar-nos em transpirações ofegantes e convidarmo-nos para amanhecer.
Porque quando partir, só levo a minha sombra. Essa que me segue até às mais longínquas terras, mesmo que o sol lá não brilhe, quando ligar o candeeiro e me lembrar de quando o desliguei nessa noite em que, por momentos, abdiquei dela para te ter a ti, Lisboa.

quinta-feira, abril 16, 2009

domingo, abril 05, 2009

sábado, março 28, 2009

Pleonasmo Tautológico



Quem conta um conto, acrescenta um ponto. E como uma gaveta desarrumada, meias para um lado, cuecas para outro, nem sei do par deste enredo:

Molhada de tão seca, estava a alegria estendida ao vento como lençóis brancos no Verão.
Era espantoso ver como ele andava rápido sobre aquele piso pedregoso. Cabeça erguida, quase parecia que de destemido voava até ao intocável. Ela, atrás, tentava acompanhar o passo, no seu jeito mais desengonçado, ainda punha os braços abertos em busca do equilíbrio, mantendo os olhos atentos a qualquer pedrinha instável que estaria, estrategicamente colocada, para lhe pregar uma partida – morria de medo que num simples passo em falso, torcesse o tornozelo. Ao olhar para tal figura, pergunta em tom jocoso:
- A menina nunca se magoou?
Ela pára e, recuperando o fôlego e alguma estabilidade diz-lhe, ainda que meio insegura:
- Depende da perspectiva.

A ciência não a ensinou a andar, a sentir, nem a ver. Ensinou-a a questionar e tentar compreender a visão periférica que molda o imagem.



“São as tuas mãos...” - já me dizia eu, em sonhos com ele – “...Enquadra a tua perspectiva: O que queres ver? Até onde queres ir?...” – só de pensar que podíamos desvendar os mistérios do mundo sem conhecer qualquer equação matemática... fosse o pêndulo da balança a nossa vontade. Por isso, escolhe a moldura: Quadrada? Ou sem fronteiras?.. Escolhe a cor e eu dou-te o tacto.
Imaginasse eu a transparência do teu ser, tiraria fotografias de nós, que jamais seremos relembrados, por nunca termos existido.

E pronto... abro o livro e começo a ler, porque paranóia tem muito mais estilo em inglês.


"Oren Lavie is a songwriter of curly brown hair, whisperish voice, green eyes and suspiciously cold feet. He was born in 1976, two minutes behind schedule, and has been trying to catch up ever since."