E li: "Perguntem, perguntem-lhes: como compreendem eles todos, até ao último, onde está a felicidade? Oh, podem ter a certeza de que Colombo não era feliz na hora de descobrir a América, mas sim quando estava no processo de a descobrir; podem ter a certeza de que o momento mais alto da sua felicidade foi, talvez, três dias antes de ter descoberto o Novo Mundo, quando a tripulação amotinada por pouco não virou o galeão na direcção da Europa, caminho de volta! Não é o Novo Mundo que conta, nem o diabo que o carregue! Colombo morreu quase sem vê-lo e, no fundo, sem saber que o tinha descoberto. O que importa é a vida, apenas a vida - o processo da sua descoberta, ininterrupto e eterno, e não o facto de descobrir! Mas, falar para quê? Desconfio que tudo o que estou agora a dizer se assemelha tanto às frases feitas mais gerais que, decerto, me vão tomar por um colegial do primeiro ano que apresenta a sua redacção sobre o "nascer do Sol" ou, então, que talvez eu tenha tentado dizer alguma coisa mas, por mais que o desejasse, não consegui... acertar no "desenvolvimento". Vou, contudo, acrescentar que em qualquer ideia humana genial ou nova, ou simplesmente em qualquer ideia humana séria em vias de nascimento em qualquer cabeça, persiste sempre uma parte impossível de transmitir aos outros, nem que o autor escreva volumes inteiros e passe trinta e cinco anos a explicar a sua ideia; persistirá sempre alguma coisa que não quer sair do seu crânio e ficará consigo para sempre; com isso morrerá, sem ter transmitido a ninguém a parte talvez mais importante da sua ideia."
Fiódor Dostoiévski, em "O Idiota"
5 comentários:
felicidade também um sentimento! e tenho a dizer que sois uma gaja mesmo burra... Gaja não, rapariga! ;)
Obrigada, Néné. Mais um pontinho para ti no meu coração (naquele que não existe).
Ok... /me vai a correr comprar esse livro.
Gosto que tu gostes dessas coisas...
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=) *
Gosto realmente disto!!
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