sexta-feira, abril 07, 2006

Awake until the morning comes

Parece-me que é mais fácil partir do que ficar.
Quando descobrimos alguém que nos seduz com enigmas e, finalmente, descobrimos a solução dos enigmas... mas percebemos que o enigma resolvido, agora, já não faz sentido... O tempo passou. Passou demasiado tempo. Agora já não vai poder ser o que devería ter sido... no seu tempo. Mas se tivesse sido mais cedo, também não tería acumulado tanto, talvez não tivesse aquele sabor de...fogo.
Embora seja uma decisão inteligente dizer que não, parece-nos um pouco irrazoável, depois de tanto tempo gasto na luta para chegar à resolução. Mas as circunstâncias já não são as mesmas, as regras do jogo já mudaram e continuar em jogo agora significa andar numa "aresta de fogo".
Então, é mais fácil partir do que ficar.
Para quem parte, há um mundo novo, uma oportunidade de começar outro jogo.
Para quem fica, ficam as lembranças a espreitar pela janela que dá para onde tudo começou e... talvez até para onde tudo acabou.
Mas o fim de algo é sempre o começo de uma outra coisa. Uma coisa diferente.
Aqui, num tempo diferente, as escolhas são outras. A aprendizagem leva-nos a sermos mais ponderados. É uma construção mais previsível. É algo mais sólido. E, também por isso, quando começa a acabar é por desvanecimento. Aqui a decisão é a de dizer que sim, que acabou. Aqui, parece-me ser mais fácil ficar do que partir.


"E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo e morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim"
M.V.

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