terça-feira, janeiro 31, 2006

Untitled (An Englishman in New York)

Adoro o som dos passos. Adoro o som dos saltos das senhoras a bater no soalho e dos sapatos dos senhores em chão molhado. Adoro andar na rua com temperaturas baixas, com as pessoas agasalhadas a passarem com grandes casacos e em passos tensos, devido à contracção dos músculos provocada pelo frio. (Vem-me à cabeça... "I don't drink coffee, I take tea my dear... I like my toast done on one side..." - Sting)
Para verdadeiramente apreciar o momento, tenho que estar toda tapadinha, sapatos confortáveis, mãos nos bolsos do casaco e phones a darem a música apropriada ao meu estado de espírito.
Fui ver o Pride and Prejudice. Embora a minha mãe me tenha educado, e eu própria, no sentido da emancipação da mulher, adoro a época pelos seus trajes. Os vestidos compridos são absolutamente... românticos. Se seguisse sempre o meu conselheiro de cinema, não teria visto no grande ecrã a minha versão de alguns momentos da minha vida. Um quadro bastante simplificado, obviamente.
Das duas personagens que contam o que se assemelha, na minha memória, ao que se passou, uma representa-me a mim e a outra consegue integrar duas pessoas da minha vida. Estão tão bem representadas que guardo até agora flashs intermitentes das duas grandes cenas e as respectivas cenas paralelas do meu passado.
O final da personagem que, supostamente, seria eu, não é o meu presente. Mas... espero estar no inicio da minha vida e por isso desejar um fim seria castrante. E... por enquanto... acho que, para mim, não podería ter sido de outra forma senão a que é.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Previsões

Os mais cépticos dizem "Horóscopo... pff... até parece que TODOS os peixes do mundo vão ter um dia com estas caracerísticas hoje..." Eu também o digo. Afinal só existem 12 signos para cerca de 6.000.000.000 pessoas. Probabilidades?
Mas a verdade (ou: a Minha verdade) é que os lemos. Seja por curiosidade, por achar que nos pode dar uma dica sobre algum assunto (mesmo que no fundo não acreditemos nela), seja pelo que for. Eu leio quando calha apanhar um dos jornais à porta do comboio, ou me calha uma revista alheia nas mãos.
Até tenho uma certa curiosidade em que um dia me "deitem as cartas" ou que me "leiam a mão". Mas depois, penso: E se eu começar a viver influenciada pelo que me disseram? E se eu vir em tudo uma aproximação do que a vidente me disse? E se for tudo mentira?... E se for tudo verdade?
Mas como é que eu posso mudar o rumo de algo que me está predestinado? Se me vai acontecer quer eu me vire para a direita, quer eu me vire para a esquerda, não me parece que valha de muito saber. A não ser para "esperar", não ser apanhada desprevenida. Mas faz-me confusão como é que .... Bem.... ANTES de eu saber (imaginemos) vinha uma rajada de vento contra mim e eu caía para a estrada e era atropelada. Mas, AGORA QUE SEI, já me vou prevenir. E se me previno, a rajada não me levará ao atropelamento! "E se for noutro dia outra coisa que te leve a seres atropelada?" Pois... se a Srª Vidente não fizer o favor de me avisar, e se esta coisa do destino existir mesmo, lá terei que ser atropelada.
Um dos pensamentos que mais reponsável me fazem sentir é o de que as minhas acções têm um peso tão grande que se eu "naquele dia" tivesse voltado atrás, tudo seria diferente hoje. Se eu não tivesse parado para ver se encontrava o telemóvel, talvez tivesse apanhado aquele metro, e talvez me tivesse encontrado com alguém, ou visto algo ou feito alguma coisa, se tivesse chegado ao meu destino nesse metro mais cedo, que mudaria o resto da minha vida.
O Destino é algo que me faz um nó na cabeça no formato de um ponto de interrogação. Mas talvez seja por isso que se inventou a palavra 'Transcendente'.

terça-feira, janeiro 24, 2006

O aquecimento Global e... o meu


Será que daqui a uns anos algum avô vai contar aos seus netos: "há muitos anos atrás existiam grandes grupos de pessoas, formadas em meteorologia. Estudavam para conseguir prever o tempo, e só o conseguiam para os dias mais próximos... e com risco de falharem! Agora, a Humanidade decide quando vai chover e a que horas raia o sol..."
Na minha imaginação, o avô suspiraria no fim, com uma certa saudade dos tempos em que ainda havia a incerteza. Porque a incerteza não é tão má como a querem fazer parecer. A incerteza está intimamente ligada à surpresa. E as melhoras histórias são aquelas que são surpreendentes.
E não é de histórias que se faz uma vida? As experiências não são nossas se não as Vivermos. E Viver uma experiência não é simplesmente marcar presença, é saber o que ela significou.
Acontece pedirem-me para escrever sobre algo e não me sair nada. Tenho que encontrar uma boa frase para começar e depois apanhar o "balanço" e desenvolver. Ou então, rabisco algo e depois vou acrescentando ideias antes e depois, e até mesmo modificando o rascunho inicial.
Mas quando começo a escrever, supostamente sobre "nada", e me entrego totalmente ao intelecto, as ideias fluem com uma rapidez que não consigo escrevê-las todas e sei que muitas já ficaram pelo caminho enquanto perco o tempo necessário para escrever estas que aqui ficam.
Com a cabeça a funcionar a "todo o vapor" surgem argumentos e logo de seguida um contra-argumento que invalida os antecedentes, chegando assim, depois de uma discussão comigo mesma, à minha opinião sobre algo. A qual se mantém até que apareça alguém ou algo com um argumento que destrua o meu melhor.
À medida que as certezas vão chegando eu vou envelhecendo. O espaço para sonhar diminui e o mundo começa a ser demasiado real.