terça-feira, novembro 03, 2009

Prefácio

Uma tosse seca que arranha a garganta diz-lhe que nem todos os cigarros fumados à janela, na sombra do pensar, o fazem mais poético que duas estrofes e um verso.
A prosa caída nas folhas de um Outono noutro lugar, conta a história perdida nos anos de boémia entre ruelas e janelas que espelharam a luz do sol quando ainda se debatia com o tropeçar dos seus caminhos.
Foram dias em que só viu escuridão e luas de noites em que viajou para lá das barreiras do intransponível.
Sempre lhe foi mais fácil usar imagens como modo de compreensão do que palavras como modo de expressão. Por isso, ouvia mais do que falava e imaginava mais do que se explicava. Lia e viajava pelas letras de outros mas sentia tudo como se seu fosse. Por vezes tornava-se até difícil distinguir onde acabava um livro e começava a sua história...
Folheando as páginas amarelecidas, guardadas pela capa rija de um castanho livro, nascido e guardado pela madeira, levanta-se da poltrona velha mas confortável, que se moldou em tantas noites em branco, e vai até ao desaguar do Tejo. Encostado a esse velho amigo, que se abre naquele mar onde morrerá um dia,
desconhecido por todos,
senta-se e
contempla a viagem de mais uma imagem.

Quando todos os pontos são diferentes e
Qualquer vírgula muda uma ideia,
Ao incendiar um livro queima-se uma vida...
E perdem-se brisas que lambem a pele com distintos paladares.

Sem comentários: