Entre acordar em fusos horários diferentes, perdeu-se qualquer coisa. E não foi uma hora para trás ou uma hora para a frente.
Já pensei que se pudesse deslocar-me rápido, podia fazer um jogo de arbitragem com o tempo. Mas ao voltar atrás não te encontraria... porque te moves de outra forma, porque andas com outros passos. Não encontraria o mesmo ar que respiro, inspiro e suspiro... Oxigénio e dióxido de carbono sempre me fizeram misturas dúbias.
Vim deixar os vestidos esvoaçantes, as sandálias que não pesam nos pés (e me deixavam andar solta e feliz e), ao levar as camisolas, volto mais nua do que depois de uma noite de amor.
Amor não existe, ou se esconde ou... Amor? - O que quer seja aquele entusiasmo.
Se acordei de um estado de esquizofrenia, uma raiva empedernida, escondida por baixo da cegueira do relâmpago, bateu com o punho na mesa! e, na madeira da mesa, mesa em que espalhei a minha vida, complicada e dividida, em pequenos objectos, pequenos e preciosos, pequenos e maiores do que qualquer explicação, fagulhas carpiram: “há algo em ti...”.
Sei que já te disse mas, (não sei se ainda te lembras) de te ter dito que me disseram que...
não sei falar de Amor.
E já me tinha esquecido de quem sou.
Verifiquemos: todos podemos fazer algo - passar de interessado a interessante é que exige um bocadinho mais de impulso. Mas deixei as sandálias na mala de Verão e as botas não me deixam ganhar grande altitude.
Se qualquer revolução se baseia em Amor, talvez isto seja uma pista...
Chega de revoluções! De guerras em conquistas, só fico mais velha.
Hoje sou quaretona e vou-me enroscar no sofá com uma amiga e um copo de vinho. Esperar que o álcool me desidrate o suficiente até sugar de mim todos os pensamentos que me arrastam.
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