Nota Mental: Atravessar as avenidas. Os túneis podem não ter saída.
Deambulando por qualquer pensamento que surja, qualquer experiência que se dê e qualquer emoção que irrompa e desperte a vontade de gravar o momento para que o tempo não o consuma.
quinta-feira, junho 25, 2009
quarta-feira, junho 24, 2009
Cartas como no Antigamente
Já não se escreve como antes, já não se espera como antes, já não se dança como antes...
A sedução corre a passos velozes e esquecemo-nos de como era inflamável a incessante vontade de ter o momento certo. Perderam-se os clássicos na evolução de prédios futuristas em zonas históricas e na troca de um selo tão nosso por um click instantâneo.
Eu gosto que sejamos os incompreendidos.
No dia em que me sentei naquele telhado de sempre, sobre as telhas laranjas devorava as imagens como se renascesse ali. Era como se entendesse tudo melhor depois de perceber mais aquele horizonte. Talvez por isso diga sempre que gosto mais de quem está perto de morrer.
Enquanto por aqui andamos, escrevemos argumentos para personagens que nunca respeitarão o diálogo. Vamos fingindo que não sentimos assim tanto, e que as palavras não precisam ser usadas porque tudo nos roça superficialmente, tal como os seixos que ías fazendo saltitar sobre a água do rio naquela tarde de Verão. Calças arregaçadas, esqueceste-te foi de ir mais além. De te lembrar que nada pára. E quando pára, afunda-se.
O nosso ritual acabou. Já não consigo discernir onde nos diferenciamos do resto. Agora somos iguais. E quando fecho os olhos, sentada no topo do telhado de sempre, já não me sinto acima de nada.
Assim como me prometeste que me levavas para uma tempestade tropical debaixo de um abraço, lambo o envelope e atiro ao vento a carta do antigamente, porque já me esqueci do seu destinatário.
A sedução corre a passos velozes e esquecemo-nos de como era inflamável a incessante vontade de ter o momento certo. Perderam-se os clássicos na evolução de prédios futuristas em zonas históricas e na troca de um selo tão nosso por um click instantâneo.
Eu gosto que sejamos os incompreendidos.
No dia em que me sentei naquele telhado de sempre, sobre as telhas laranjas devorava as imagens como se renascesse ali. Era como se entendesse tudo melhor depois de perceber mais aquele horizonte. Talvez por isso diga sempre que gosto mais de quem está perto de morrer.
Enquanto por aqui andamos, escrevemos argumentos para personagens que nunca respeitarão o diálogo. Vamos fingindo que não sentimos assim tanto, e que as palavras não precisam ser usadas porque tudo nos roça superficialmente, tal como os seixos que ías fazendo saltitar sobre a água do rio naquela tarde de Verão. Calças arregaçadas, esqueceste-te foi de ir mais além. De te lembrar que nada pára. E quando pára, afunda-se.
O nosso ritual acabou. Já não consigo discernir onde nos diferenciamos do resto. Agora somos iguais. E quando fecho os olhos, sentada no topo do telhado de sempre, já não me sinto acima de nada.
Assim como me prometeste que me levavas para uma tempestade tropical debaixo de um abraço, lambo o envelope e atiro ao vento a carta do antigamente, porque já me esqueci do seu destinatário.
quinta-feira, junho 11, 2009
Manel Cruz disse: "Eu podia estar mais perto do que eu queria para mim, só que eu já não sei ao certo onde foi que eu pensei chegar..."
E li: "Perguntem, perguntem-lhes: como compreendem eles todos, até ao último, onde está a felicidade? Oh, podem ter a certeza de que Colombo não era feliz na hora de descobrir a América, mas sim quando estava no processo de a descobrir; podem ter a certeza de que o momento mais alto da sua felicidade foi, talvez, três dias antes de ter descoberto o Novo Mundo, quando a tripulação amotinada por pouco não virou o galeão na direcção da Europa, caminho de volta! Não é o Novo Mundo que conta, nem o diabo que o carregue! Colombo morreu quase sem vê-lo e, no fundo, sem saber que o tinha descoberto. O que importa é a vida, apenas a vida - o processo da sua descoberta, ininterrupto e eterno, e não o facto de descobrir! Mas, falar para quê? Desconfio que tudo o que estou agora a dizer se assemelha tanto às frases feitas mais gerais que, decerto, me vão tomar por um colegial do primeiro ano que apresenta a sua redacção sobre o "nascer do Sol" ou, então, que talvez eu tenha tentado dizer alguma coisa mas, por mais que o desejasse, não consegui... acertar no "desenvolvimento". Vou, contudo, acrescentar que em qualquer ideia humana genial ou nova, ou simplesmente em qualquer ideia humana séria em vias de nascimento em qualquer cabeça, persiste sempre uma parte impossível de transmitir aos outros, nem que o autor escreva volumes inteiros e passe trinta e cinco anos a explicar a sua ideia; persistirá sempre alguma coisa que não quer sair do seu crânio e ficará consigo para sempre; com isso morrerá, sem ter transmitido a ninguém a parte talvez mais importante da sua ideia."
Fiódor Dostoiévski, em "O Idiota"
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